NEWROZ EUSKAL KURDU ELKARTEA
⋅ 26 DICIEMBRE, 2014
O último informe da Anistia Internacional sobre a situação das mulheres yazidis sequestradas pelo Estado Islâmico mostra as práticas de tortura, violação e outras formas de violência sexual que essas mulheres e meninas sofrem.
As mulheres que conseguiram escapar deste inferno relataram uma horrível visão da vida que enfrentaram, casadas à força, “vendidas” em mercados de escravas sexuais ou entregues aos combatentes do EI ou a seus partidários. Também são vítimas de conversão forçada ao Islam, sob ameaça de morte.
A maioria das cativas são meninas entre 14 a 15 anos, frequentemente incluindo ainda mais jovens. Os militantes do EI utilizam a violação como arma em seus ataques, ditas ações são consideradas crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Essas mulheres e meninas estão entre as milhares de Yazides da região de Shingal a noroeste do Iraque que foram vítimas de uma operação de limpeza étnica e religiosa que se iniciou em agosto.
É tal o horror e o trauma que essas mulheres e crianças sofrem que frequentemente colocam fim em suas vidas. Jilan, uma jovem de 19 anos suicidou durante seu cativeiro em Mosul, conforme declarou seu irmão à Anistía Internacional.
Segundo os testemunhos das mulheres que conseguiram escapar, a maioria dos homens que as compram e vendem são iraquianos ou sírios, muitos dos combatentes do EI e outros simpatizantes do grupo. Muitas sobreviventes yazidis estão duplamente afetadas, já que também perderam dezenas de familiares que permanecem em cativeiro ou são assassinados pelo EI.
Randa, uma jovem de 16 anos de uma aldeia vizinha ao Monte Shingal, foi sequestrada junto com dezenas de membros de sua família, incluindo a sua mãe que se encontrava grávida de três meses. Randa foi presenteada a um homem com o dobro de sua idade e que a violentava. Ela descreve o impacto de sua terrível experiência declarando que é muito doloroso o que fizeram a ela e sua família, o Estado Islâmico tem arruinado suas vidas.
O trauma das sobreviventes da violência sexual se agrava ainda mais pelo estigma que rodeia a violação. As sobreviventes sentem que sua “honra”, e de suas famílias, foram violadas e temem, como resultado disso, que sua posição na sociedade seja diminuída para sempre. Muitas vítimas sobreviventes da violência sexual, todavia, não têm recebido nem apoio nem ajuda psicológica que necessitam.
Donatella Rovera, assessora responsável pela Crise para o Oriente Médio da Anistia Internacional, realiza uma chamada urgente ao Governo Regional do Curdistão, a ONU e outras organizações humanitárias, para que intensifiquem seus esforços ao prover apoio médico e psicológico especializado em traumas às mulheres e crianças vítimas da violência sexual.
Tradução livre do Coletivo Anarquia ou Barbárie.