Em apoio à resistência negra e às suas chamas nos Estados Unidos da América hoje, um poema do poeta e ativista pela libertação de Moçambique, José Craveirinha:
Temos que arder sim!
Grito negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força
motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha
combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha
combustão.
Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão.
José Craveirinha
(28 de Maio de 1922 – 6 de Fevereiro de 2003)