“Das celas de Atenas ao México, das ruas de Ferguson a Istambul e às terras livres de Kobanê, o desejo de um mundo novo espalha-se como uma inundação”

“Uma modesta expressão de solidariedade a Nikos Romanos, a partir de Tampere, Finlândia”

“Uma modesta expressão de solidariedade a Nikos Romanos, a partir de Tampere, Finlândia”

Neste dezembro tem acontecido manifestações mundiais de solidariedade com Nikós Romanós, o qual está preso na Grécia e em greve de fome há 29 dias pelo direito de liberdade e de estudar em uma universidade, direito este que foi negado pelas autoridades, o que o fez iniciar a greve de fome. Além de solidariedade para com Alexis, seu compa que foi morto em dezembro de 2006 por policiais, por causa de sua resistência e luta por liberdade; em 2013, Nikós foi preso por “expropriação de uma agência bancária”.

Manifestações na Grécia mesmo, em Madrid, Finlândia, Berlim, Istambul, …

Os coletivos Ação Revolucionária Anarquista(DAF), Ação Anarquista dos Liceus (LAF), Juventude Anarquista, Mulheres Anarquistas, MAKI e TAÇANKA fizeram um comunicado publicado no ContraInfo:

Comunicado

Hoje, com toda a raiva de que a vida se apodera contra os poderes, com a convicção num mundo livre, as bandeiras negras são desfraldadas em todo o mundo. Contra as empresas que exploram o nosso trabalho para lucrar mais; contra os Estados que assassinam muitos de nós em nome das fronteiras que forjaram; contra todos os poderes que enchem os seus bolsos com as nossas vidas por eles destruídas, tornando-nos mais pobres e fazendo os ricos ainda mais ricos; a rebelião está viva na raiva do anarquismo. A raiva contra os patrões, empresas, assassinos e estados, está-se a propagar em pleno dilúvio através das bandeiras negras. O ressentimento de ser negligenciadx, desaparecidx e assassinadx está-se a transformar em raiva e as ruas estão a arder por toda a parte.

Há exatamente seis anos no bairro Exarchia de Atenas, Alexandros Grigoropoulos foi morto aos 16 anos, porque era um anarquista. Morto por um bófia, pela  bala da sua arma, porque tinha transformado a sua cólera em rebelião e saído para a rua a apelar à vingança pelas vidas que tinham sido tomadas, porque não obedeceu aos poderes e resistiu a todo o custo, pela liberdade. No dia 6 de Dezembro de 2008, a bala que atingiu Alexis foi transformada no fogo da rebelião nas ruas.

Embora os assassinos tivessem continuado os seus ataques, a raiva contra aqueles que silenciaram um coração que batia pela liberdade incendiou as ruas de Atenas, Tessalónica, Istambul e em todo o lado.

Nikos Romanos, que estava com Alexis no dia em que aquele foi morto e compartilhava com ele a convicção de um mundo livre, está agora em cativeiro, porque é um anarquista. Romanos está cativo, porque não permaneceu em silêncio contra a injustiça, porque não desistiu, apesar da opressão do Estado, porque com a mesma convicção que a de seu companheiro assassinado continuou a sua luta contra os poderes. Aqueles que pensavam que podiam parar essa luta, matando Alexis, agora capturaram Nikos, esperando com isso parar mais um daqueles corações que batem para o anarquismo. Tal como em 2008, as ruas estão cheias de raiva contra o Estado, que continua a atacar Romanos através do isolamento, opressão e tortura. Enquanto Romanos mantém uma greve de fome desde 10 de Novembro, outros companheiros anarquistas ne prisão também iniciaram uma greve de fome de solidariedade; e a mesma voz ecoou nas ruas ardentes e nas celas dos prisioneiros resistentes: “Enquanto respirarmos e vivermos, que viva a anarquia!”

Os poderes que assassinaram Alexis em 2008 e que mantêm em cativeiro Nikos hoje, pensam que podem ignorar a crescente raiva contra a injustiça no mundo. Continuam a aprisionar, atacar e matar com base nessa ilusão.

No México, 43 estudantes que resistiram à política dos poderes que suprimem o seu futuro, desapareceram às mãos do Estado. Os seus corpos foram encontrados em valas comuns, vários dias depois. Apenas por serem negras, as pessoas são visadas pela repressão fascista de poder e tornam-se alvos das balas da polícia; e aquelxs que resistem à prisão são estranguladxs e assassinadxs pela polícia. Muitos de nossos irmãos, como Berkin, Ethem Ali, Ahmet resistiram pelas suas vidas e foram mortos pelo Estado policial. Enquanto aquelas e aqueles que resistem em Kobanê, para criar uma nova vida, como Arin, como Suphi Nejat, como Kader, são mortos pelos bandos, militares e soldados do Estado, aqueles e aquelas que estão nas ruas, em todos os cantos da região, abraçando a resistência de Kobanê, como Hakan, como Mahsun são alvejadxs pela polícia assassina do mesmo Estado…

Onde quer que se encontrem aquelxs que lutam contra a injustiça, que resistem para retomar as suas vidas, que lutam pela sua liberdade, estando nas ruas, há luta contra a opressão, tortura e morte. Os opressores pensam que podem desencorajar aquelxs que não obedeçam, encerrando-xs, removendo-xs ou matando-xs; um grito de liberdade nalgum lugar encontra eco em todas as direções. Das celas de Atenas ao México, das ruas de Ferguson a Istambul e às terras livres de Kobanê, o desejo de um mundo novo espalha-se como uma inundação. Agora, esta paixão pela liberdade está a crescer; a raiva contra os assassinatos alimenta o fogo da revolta nos corações

Esta revolta é dirigida contra o poder que rouba as nossas vidas, que procura destruir a nossa liberdade, que nos mata. Esta revolta é dirigida contra o capitalismo e do Estado. Esta revolta é dirigida contra todas as formas de cativeiro.

Com esta revolta pela liberdade nos nossos corações, o anarquismo está a crescer em toda a parte do mundo. E a nossa luta está a aumentar, de um canto ao outro do mundo, transportada pelas ondas de bandeiras negras.

Viva a Revolução, viva a anarquia!

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E mais, “Carta do grevista de fome Yannis Michailidis, no hospital (4/12)”, também de ContraInfo

O companheiro Yannis Michailidis encontra-se em greve de fome desde  17 de Novembro, como forma de solidariedade com o seu companheiro e irmão Nikos Romanos. Atualmente Yannis encontra-se internado sob forte escolta policial no hospital Tzaneio, no Pireu. Segue-se a tradução da sua carta mais recente (4 de Dezembro):

Escrevo estas linhas para expressar a emoção que me provocou a ampla e multiforme mobilização solidária realizada pelxs companheirxs, fora dos muros. Essa mobilização está a superar todas as minhas expectativas, tanto a nível de tamanho, de criatividade, de organização – coordenação como em persistência e agressividade, com ocupações de edifícios estatais e capitalistas de importância crucial, de canais de televisão e rádios, com concentrações e marchas organizadas em quase todas as grandes cidades do território, com ataques às forças repressivas e ataques guerrilheiros de todo o tipo. Porque é o que vence a saudade na minha cela e me faz sorrir, porque na noite de terça-feira não estava preso, encontrava-me entre vocês e sentia o calor das barricadas a arder.Porque seja qual for o resultado, a mera existência desta frente de luta é uma vitória em si mesma, tanto pela sua perspectiva imediata como pelo legado que deixa.

Sei muito bem que xs milhares de companheirxs que se implicaram nesta batalha – iniciada por Nikos – com muitas preocupações mas também com muita determinação, possuem enormes diferenças nas suas percepções e práticas de luta, tanto entre elxs, como também connosco. Mas através da diversidade floresce o crescimento. É este, exactamente, o significado da solidariedade anarquista, conecta sem identificar, une sem homogeneizar. E quando está orientada à ação funciona.

Quando os meios de engano massivo exclamam já que existe um problema de segurança nacional enquanto durar a greve de fome, dou-me conta de que não há luta perdida – o vazio deixado pelos pensamentos destroçados do desespero, provocado pela inércia prolongada da condição asfixiante da prisão, cobre-se de significado outra vez –   a insurreição está sempre a tempo.

Os nossos sonhos serão os seus pesadelos.

A anarquia combativa despertou e ruge.

Nada acabou, tudo começa agora.

SOLIDARIEDADE COM XS DETIDXS DO 2 DE DEZEMBRO

Para Nikos: Aguenta irmão, Fodestes-lhes muito bem a festa, até ao momento. Tu não te rendas, assim serão elxs os que não aguentarão mais . Ficarei a teu lado até à vitória final.

Para Athanasiou, ministro da justiça: Tenho muita fome. Se assassinares Nikos, a única coisa que poderá satisfazer a minha fome é o teu pescoço.

Yannis Michailidis

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Abaixo, fotos retiradas do site ContraInfo de manifestações em vários lugares:

“Solidariedade com Nikos Romanos, em greve de fome desde 10 de Novembro. Os nossos sonhos tornar-se-ão os seus pesadelos”

“Solidariedade com Nikos Romanos, em greve de fome desde 10 de Novembro. Os nossos sonhos tornar-se-ão os seus pesadelos”

“Liberdade para Romanos – Viva o anarquismo – Ação Revolucionária Anarquista (DAF)”

“Liberdade para Romanos – Viva o anarquismo – Ação Revolucionária Anarquista (DAF)”

 

Solidariedade urgente com o compa em greve de fome, em risco de morte – 12h – Praça Housey – LIBERDADE PARA NIKOS ROMANOS

Solidariedade urgente com o compa em greve de fome, em risco de morte – 12h – Praça Housey – LIBERDADE PARA NIKOS ROMANOS

"Turquia: Sabotagem em Istambul em solidariedade com Nikos Romanos"

“Turquia: Sabotagem em Istambul em solidariedade com Nikos Romanos”

Grécia – Manifestações Massivas de Solidariedade com o Anarquista Nikós Romanós, em Greve de Fome Há Mais de Três Semanas

Postado em 4 de Dezembro de 2014 no Portal Anarquista, Ex-Colectivo Libertário de Évora.
Fonte: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2014/12/04/grecia-manifestacoes-massivas-de-solidariedade-com-o-anarquista-nikos-romanos-em-greve-de-fome-ha-mais-de-3-semanas/

Milhares de pessoas encheram as ruas de Atenas na terça-feira à tarde (2 de dezembro) numa onda de protestos. Aproximadamente 10.000 pessoas participaram na manifestação de solidariedade com a luta do grevista de fome Nikos Romanós. Nikos está há 23 dias (hoje há 25 dias) em greve de fome, exigindo o seu direito de saída da prisão por razões educativas, conforme previsto na legislação relativa às permissões de saídas dos presos que são estudantes. Este direito é negado pelo regime Democrático, que não tem o menor escrúpulo em violar as suas próprias leis.

Em solidariedade com a sua luta estão em greve de fome três outros presos: Giannis Mijailidis há 15 dias, e André-Demetrio Burzukos e Demetrio Politis há dois dias. Em 28 de novembro, Heracles Kostaris, o outro preso-estudante a quem o Regime nega o direito de obter permissão de saída por razões educativas, terminou a sua greve de fome de 22 dias.

Esta foi uma das manifestações mais massivas de solidariedade na história do movimento contestatário no território do Estado grego. De acordo com as nossas estimativas e as de outros companheiros e mídias contrainformativos, o número de participantes na marcha oscilou entre 9.000 e 10.000. A faixa da cabeça da marcha dizia: “Grande força (alento) até à morte do Estado e do Capital”. A marcha esteve protegida em todo o percurso por grupos de manifestantes, a fim de evitar provocações por parte de policias uniformizados ou à paisana.

Os manifestantes reuniram-se na praça de Monastiraki, perto do bairro turístico de Atenas, onde várias faixa foram desfraldadas, entre elas uma que dizia: “A nossa revolta derrotará o medo”. A seguir os manifestantes marcharam até a praça principal de Sintagma (Constituição), onde está localizado o Parlamento, e depois para o Propileos da velha Universidade. Alguns manifestantes foram para a antiga Escola Politécnica, no bairro vizinho de Exarchia.

Quando a marcha entrou no bairro de Exarchia, dirigindo-se para a Escola Politécnica, eclodiram confrontos entre manifestantes e policiais. Estes grupos de manifestantes quebraram alguns multibancos, queimaram contentores de lixo e um conjunto de carros. Quase ao mesmo tempo foram erguidas barricadas e incendiados carros  e um autocarro fora do recinto da Escola Politécnica, onde haviam chegado vários dos manifestantes da marcha que ainda não tinha terminado.

De imediato começaram novos confrontos junto à Escola Politécnica. A Polícia não hesitou em atirar granadas para aturdir e gás lacrimogéneo no interior do recinto da Escola Politécnica, onde se refugiaram alguns dos manifestantes.

Manifestações de solidariedade com a luta de Nikos Romanós também foram realizadas nas cidades de Tessalônica, Patras, Canea, Heraclión, Rethimno, Agrinio, Mitilini, Esparta, Nauplia e Lixuri. Em todas as cidades as manifestações foram massivas, ainda que algumas delas se tenham realizado debaixo de chuva.

Adaptado daqui: http://verba-volant.info/pt/milhares-de-manifestantes-encheram-as-ruas-de-atenas-em-solidariedade-com-a-luta-do-grevista-de-fome-nikos-romanos