A etiqueta biológica do “macho”

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Fonte: Akarkio.net

O uso de termos e abordagens de uma determinada área por outra é muito frequente e as vezes  uma forma de se compreender determinado fenômenos que de outra forma não seriam de fácil compreensão. Esse esboço é uma reflexão sobre o conceito e rotulo ideológico “macho” e seu desdobramento autoritário sobre a sociedade humana contemporânea.

O ser humano enquanto sua origem animal, possui e mantém uma série de características comportamentais oriundas de sua natureza original. O conceito do macho aplicado e estudado pela ciência em todas as nossas espécies irmãs, primas, cunhadas, tias e avós, no que tange a nós, teve desdobramentos interessantes. O fato de que nossa suposta evolução tenha rompido com os elos de parentesco com nossas espécies irmãs, primas, tias e cunhadas ainda não foi suficiente para uma compreensão mais profunda dos impactos desse processo.
Se por um lado, ao isolarmos uma pessoa e fizermos uma analise física e biológica constataremos suas características iguais e diferentes, a qual será “catalogada” e devidamente “rotulada” dentro de uma sistematização desenvolvida por muitos estudos e pesquisas, como no caso da biologia, usada aqui nesse esboço.
Por outro lado, isso não é e nunca será o suficiente para explicar, entender e muito menos justificar relações de poder, controle e autoridade de uma pessoa sobre outra.
Não podemos descartar sua função útil de entendimento da humanidade enquanto pertencente   da natureza e sua conexão insuperável com todas as outras especies animais, da qual deveríamos, na humildade de seres com a tal “evolução”, procurar manter a harmonia e sustentabilidade de nossa relação nesse mundo do qual apenas somos habitantes e não pessoas donas.
Após essa pequena, necessária e suposta digressão (desvio do tema, será?), vejamos o macho da espécie humana.
O processo de rotulação biológica, útil a outras espécies, quando usado na nossa espécie, cai por terra, principalmente porque é usada de forma arbitrária como justificativa para controle de uma pessoa sobre outra, no caso do suposto “macho” sobre qualquer outra pessoa, indiferente de se pertence biologicamente ou não a divisão clássica e binária macho/fêmea. O machismo em si é dado por alguns elementos, o quais se destacam: o líder alfa, a hierarquia em torno poder, uso da força, todos eles, perceptíveis em estudos biológicos. É possível que encontremos outros elementos, mas esses são importantes, porque são os elos, supostamente de nossa conexão com nossa origem natural, logo um fato que seria “incontestável” por setores opressivos diversos (religiões, instituições hierarquizadas como Estado e exércitos, etc).
Sabemos que esses elementos, criados para o processo de entendimento e pesquisas cientificas; se tornaram também elementos de uso em várias outras oportunidades, nem sempre para estudos e pesquisas, e sim para embasar e justificar relações de opressão e exploração.
Aviso! Será deixado o pouco de biologia, limitada ao pequeno entendimento de quem usou, e entraremos no “reino do macho” da espécie humana, o “machismo” em sua violenta nudez.
Ao contrário de nossas famílias irmãs da natureza, o “macho” deixou de ser um fato biológico simples, e adquiriu uma estruturação econômica, social e cultural de controle e poder, apoiado em uma concepção derivada do machismo, o patriarcado, que será comentado oportunamente mais a frente.
A “de”formação do “macho” é uma construção humana, repetida e mantida a partir de formas de violências diversas.
A violação psíquica que “de”formará o “macho” começa na infância, com o processo de binarismo imposto, supostamente “natural”, menino ou menina com suas devidas “características impostas”.
A vulnerabilidade das crianças as tornam presas das pessoas mais velhas e vinculadas biologicamente(!), vulgarmente chamada de família, pai e mãe. Sabemos que na sociedade moderna do século XXI, a família tem sofrido grandes alterações nesse arranjo supostamente primário e por suposto por muita gente como “natural”, logo, “imposto”. A reprodução de condutas binaristas determinantes levam as crianças a não terem neguma opção enquanto construção de si enquanto ser humano e suas possibilidades, limitando de saída, sua liberdade inerente de ser. A “de”formação do “macho” é uma jornada por um só caminho, o “azul” (descarte as cores dos clubes esportivos por hora), das “coisas de macho”, da luta competitiva entre outros pretendentes a macho líder, o alfa, dentro de um processo de codificação baseado em uma violência graduada conforme a necessidade e uso entre os machos.
Esse processo garante uma estirpe hierarquizada de machos, uns oprimindo outros em um processo de funil. Os machos que não conseguem atingir a ostentação de ser o alfa, que é algo para poucos, descontará sua frustração agredindo covardemente as pessoas mais próximas em seu ambiente. As agressões variam, desde ameaças e xingamentos ao uso da força e armas. Geralmente os ataques são efetuados as pessoas mais vulneráveis, mas que o candidato a macho sente que de alguma maneira precisa demarcar o território contra possíveis ameaças. Crianças, mulheres e pessoas idosas são as mais atacadas.
O patriarcado, citado acima, como derivado do machismo, é a forma de legitimização do alfa, dando poder para um macho, conforme força, esperteza ou tempo de opressão. Concebido a milhares de anos, foi um dos pilares de opressão legitimado pela estrutura de repressão que o cerca, feita por outros machos subordinados a estrutura hierarquizada do machismo.
O machismo somado ao patriarcado resulta em uma sociedade altamente violenta, repressora e discriminatória. Não havia espaço até pouco tempo para que outros grupos fora da estrutura de controle dos machos pudessem se expressar sem serem de alguma forma atacados ou que pessoas pertencentes a esses grupos sofressem retaliações, como perseguições, ameaças e até assassinatos.
Mulheres, pessoas homoafetivas e as variações trans mesmo com o pouco de avanço na luta contra o machismo, continuam atacadas, reprimidas e muitos casos levadas a morte, apenas por questionar e denunciar o machismo como um agressor e opressivo, que mantém a sociedade presa em sua lógica limitada as características acima esboçadas.
Esse esboço foi um exercício antimachista e todas as pessoas se sintam convidadas a efetuar esboços nesse sentido, construindo materiais antimachistas.
Além disso, esse esboço também procurou usar linguagem neutra, chamando a atenção ao binarismo, como fruto do processo que se esboçou. Existe, felizmente a sociedade humana e as pessoas, e pelo qual construímos um processo de transformação, possibilidades de relacionamento entre pessoas além dos modelos opressores e castradores convencionados na força e repressão.
Contra o machismo, a transformação social é necessária!

Declaração dos direitos da mulher e a cidadania, 1791 – Olympe de Gouges

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Fonte: Patagônia Libertária

Tradução: José roberto Luna – Coletivo Anarquia ou Barbárie

A luta de Olympe de Gouges, autora da ‘Declaração de direitos da Mulher e a Cidadã’ em 1791, é importante para entender a origem do feminismo moderno. Gouges nasceu em Montauban, uma localidade do sudoeste da França, no dia 7 de maio de 1748 e morreu na guilhotina no dia 3 de novembro de 1793. Em 1791, escreve sua ‘Declaração de Direitos da Mulher e a Cidadã’ e consegue que a igualdade se discuta n’Assembleia, embora suas propostas não sejam reconhecidas. É um escrito praticamente contemporâneo da ‘Reivindicação dos direitos da mulher’, da inglesa Mary Wollstonecraft. Durante toda a sua vida, teve que aguentar todo tipo de ataques misóginos, inclusive dentro dos girondinos (seu próprio partido) e, após a subida ao poder em 1793 da ala radical dos revolucionários, os jacobinos fecharam os clubes femininos e Olympe foi perseguida, encarcerada e executada.

Para ler a Declaração de Direitos da Mulher e Cidadã:

Declaração dos direitos da Mulher e Cidadania, 1791

Olympe Rouges

I – A mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. As distinções sociais só podem estar fundamentadas na utilidade comum.

II – O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescindíveis da Mulher e do Homem; estes direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e, sobretudo, a resistência à opressão.

III – O princípio de toda soberania reside essencialmente na Nação que não é mais que a reunião da Mulher e o Homem: nenhum corpo, nenhum indivíduo, pode exercer autoridade que não emane deles.

IV – A liberdade e a justiça consistem em devolver tudo o que pertence aos outros; assim, o exercício dos direitos naturais da mulher só tem por limites a tirania perpétua que o homem lhe opõe; estes limites devem ser corrigidos pelas leis da natureza e da razão.

V – As leis da natureza e da razão proíbem todas as ações prejudiciais para a Sociedade: tudo o que não esteja proibido por estas leis, prudentes e divinas, não pode ser impedido e ninguém pode ser obrigado a fazer o que elas não ordenam.

VI – A lei deve ser a expressão da vontade geral; todas as Cidadãs e Cidadãos devem participar em sua formação pessoalmente ou por meio de seus representantes. Deve ser a mesma para todos; todas as cidadãs e todos os cidadãos, por serem iguais a seus olhos, devem ser igualmente admissíveis a todas os cargos honoríficos, postos e

empregos públicos, conforme suas capacidades e sem mais distinção que a de suas virtudes e seus talentos.

VII – Nenhuma mulher se encontra isenta de ser acusada, detida e encarcerada nos casos determinados pela Lei. As mulheres obedecem como os homens a esta Lei rigorosa.

VIII – A Lei só deve estabelecer penas estritas e evidentemente necessárias e ninguém pode ser castigado mais que em virtude de uma Lei estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente aplicada às mulheres.

IX – Sobre toda mulher que haja sido declarada culpada cairá todo o rigor da Lei.

X – Ninguém deve ser incomodado por suas opiniões inclusive fundamentais; se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso, deve ter também igualmente o de subir à Tribuna contanto que suas manifestações não alterem a ordem pública estabelecida pela Lei.

XII – A garantia dos direitos da mulher e da cidadã implica uma utilidade maior; esta garantia deve ser instituída para a vantagem de todos e não para utilidade particular daquelas às quais é confiada.

XIII – Para o mantimento da força pública e para os gastos da administração, as contribuições da mulher e do homem são as mesmas; ela participa em todas as prestações pessoais, em todas as tarefas penosas, portanto, deve participar na distribuição dos postos, empregos, cargos honoríficos, e outras atividades.

XIV – As Cidadãs e Cidadãos têm o direito de comprovar, por si mesmos ou por meio de seus representantes, a necessidade da contribuição pública. As Cidadãs apenas podem aprová-la se se admite uma repartição igual, não só na fortuna mas também na administração pública, e se determinam a cota, a base tributária, a arrecadação e a duração do imposto.

XV – A massa das mulheres, agrupada com a dos homens para a contribuição, tem o direito de pedir contas de sua administração a todo agente público.

XVI – Toda sociedade na que a garantia dos direitos não estiver assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição; a constituição é nula se a maioria dos indivíduos que compõem a Nação não cooperou em sua redação.

Sobre o perigo de transformar a anarquia em um conjunto de práticas “alternativas” sem conteúdo de ofensiva ao poder.

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(publicado na revista “Contra toda autoridad”, Chile, Setembro 2014#1)

Fonte: ContraInformate

Sem dúvida um dos grandes perigos que assola a anarquia a todo tempo é a possibilidade de ela se transformar em um conjunto de práticas sem qualquer conteúdo de ofensiva contra o poder.

Esta situação é fomentada, por um lado, pelo mesmo inimigo através de seus valores aglutinantes em torno do domínio democrático, como a “diversidade”, a “tolerância”, o “pluralismo” e também a integração econômica por meio da mercantilização da rebeldia e do consumo “alternativo”.

Por outro lado, existe também toda uma gama de indivíduos e grupos “contestadores” e inclusive alguns “anarquistas” que de modo inconsciente ou deliberadamente se apagam do antagonismo e do conflito permanente para contra o domínio, tanto silenciando a necessidade da destruição e do ataque direto contra a autoridade ou, no pior dos casos, realizando campanhas toscas de limpeza da imagem do anarquismo, apresentando-se a si mesmos como patéticos defensores de uma ideologia alheia à confrontação ao poder.

Para nós, a recuperação de nossa vida é um processo que envolve a construção de nossa autonomia em relação ao modo de vida alienado, submisso e mercantil que oferece a sociedade do capital e da autoridade. Mas não abordamos essa proposta nunca a partir de uma lógica de coexistência pacífica com o poder, mas sim a partir de uma atitude de permanente confronto que também envolve a necessária perspectiva do ataque direto e da destruição do poder como elementos indispensáveis de todo o processo de libertação total.

E precisamente isso, uma proposta de confronto, de guerra e ataque ultrapassa a legalidade, é o que faz que toda prática que visa a “autogerir a vida” transborde qualquer iniciativa específica vivendo-a como parte de uma proposta de ofensiva impossível de ser assimilada pelo poder.

Não existem dúvidas de que a alimentação saudável e livre de exploração animal, as hortas autogeridas, a confecção de nossa própria vestimenta, a medicina natural e a libertação das relações entre indivíduos são práticas válidas na luta sempre e quando lhes resignifique como prática que propagem o antagonismo em relação à ordem social dominante. Também é importante valorar essas práticas em sua própria dimensão, a qual não é precisamente a de ser um ataque direto contra o domínio. Por isso, ao desenvolver boas iniciativas sob uma proposta de confronto anti-autoritário multiforme, estas terminam por ultrapassar as fronteiras de seus próprios limites, se mostrando como um suporte a mais na luta antes que como “a” forma de luta.

Além disso, as ações violentas que não se projetam como parte de uma ofensiva que envolve a recuperação integral da vida possuem também alcances limitados em suas perspectivas.

Tão importante como não hierarquizar os meios utilizados na luta contra o poder, é o fato de valorizar cada ferramenta em seu suporte pontual, visando a ultrapassar a luta na própria prática da permanente insurreição.

É por isso que nossa ofensiva fixa seu olhar em um horizonte que vai além dos meios utilizados, dotando de conteúdo e significado de rebelião a cada uma das práticas que desenvolvemos atrás da eliminação de todo poder e autoridade. Esta guerra contra o poder implica para nós a tensão constante e a autocrítica da qual emana a necessidade de sempre se superar, de nunca se conformar, de ganhar a rua e o terreno da polícia, de atacar a repressão e a ordem social visando permanentemente à destruição de toda forma de poder.

Difundir a anarquia não passa pela redenção dos valores antagônicos à ordem imperante, tampouco passa por fazer das formas de autogestão da vida um conjunto de práticas que evitam o confronto da ordem social. A anarquia não pode ser uma alternativa à cultura do consumo, um conjunto de práticas culturais que coexistem pacificamente com o inimigo.

A anarquia é um contínuo estar em guerra, vai além das práticas específicas arrasando com toda ideologia parcializante ou totalizante (animalismo, feminismo, naturismo, etc).

Quanto de nosso tempo e energia dedicamos a alimentar discursos e práticas carentes de conteúdo de ofensiva? Quanto dedicamos a projetos ou iniciativas destinados a propagar valores, ideias e práticas baseadas no confronto e ataque contra a dominação?

Por isso, companheiros, nem práticas de autonomia sem perspectiva de ataque, nem práticas de ataque sem perspectiva de libertação e autonomia nas relações e na vida como um todo. Porque, como disse um companheiro, a anarquia não é e nem pode ser um remédio ou um analgésico ante os males da sociedade; a anarquia é e deve ser um punhal carregado de veneno contra a ordem social e contra toda autoridade.

“Construiremos um Curdistão livre, sob a liderança das mulheres”

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Fontehttp://newrozeuskalkurduelkartea.wordpress.com/2014/11/26/construiremos-un-kurdistan-libre-bajo-el-liderazgo-de-las-mujeres/

Tradução livre por Talita Rauber e revisão por Arthur Dantas

“Construiremos um Curdistão livre, sob a liderança das mulheres”

       Dirigindo-se a milhares de mulheres que marcharam de Dewser até o povoado de Mehsar (província de Urfa), na fronteira com Kobanê, para comemorar o 25 de novembro, Dia da Eliminação da Violência contra as Mulheres, a co-presidente da PYD (Partido da União Democrática), Asya Abdullah disse que elas, como mulheres curdas, davam as boas-vindas mais calorosas a todas as mulheres que haviam se reunido na fronteira em solidariedade com as combatentes das YPJ¹.

A. Abdullah também disse que “sempre se lembrariam de todas aquelas que haviam caído em batalha, salientando que as mulheres curdas, herdeiras de seu exemplo, estavam realizando uma revolução histórica em Rojava. Milhares de mulheres caíram na luta pela liberdade, centenas delas em Sinjar e Kobanê. A revolução das mulheres continua”.
Prosseguiu afirmando que a história está sendo reescrita em Kobanê, e que a resistência das YPJ tem sido a resposta à dominação machista e ao feminicídio, insistindo que a revolução em Rojava é uma chamada a todas as mulheres do mundo.
A co-presidente continuou dizendo que “a resistência em Kobanê segue muito firme, graças ao trabalho das mulheres, não esquecendo da resistência das mulheres em Sinjar. “As mulheres seguem combatendo em todas frentes de batalha, apesar de todos os ataques que têm que enfrentar. Enquanto ainda lutam na linha de frente, por outro lado, contribuem para a construção de uma vida democrática em toda a região do Oriente Médio, dominado pelo machismo. Nenhum ataque pode intimidar as mulheres que estão liderando a marcha para a liberdade nas quatro partes do Curdistão”.
Ela concluiu dizendo o seguinte: “Construiremos um Curdistão livre, sob a liderança das mulheres.”
Fonte ANF.

Nota de tradução:
¹ – YPJ: Unidades de Proteção das Mulheres; em curdo, Yekîneyên Parastina Jinê;

Nota do Coletivo Anarquia ou Barbárie sobre as recentes denúncias de abuso machista na internet

Desenho à mão, editado digitalmente. Por Talita Rauber.

“Potência”. Desenho à mão, editado digitalmente. Por Talita Rauber. 2014.

        Com vistas das recentes denúncias sobre assédio, abuso e opressão machista sobre mulheres, vindos de um conhecido intelectual de esquerda e professor universitário, o Coletivo Anarquia ou Barbárie se posiciona em completa solidariedade com as vítimas, não só em relação aos abusos por elas sofridos como aos ataques que vêm sofrendo de outros intelectuais, de chargistas e grupos inteiros autoproclamados de esquerda que desfilam pelas redes sociais mandando às favas os escrúpulos de consciência política, de empatia, de mínimo respeito mútuo, ideológico e de bom senso com relação às vítimas de opressão.

       Não é preciso ser doutor para ver, nos diálogos publicados, demonstrações de enorme machismo e posição dominador,a, opressora, de competição hierárquica entre homens e submissão de mulheres, com relatos de redução de um momento de violência contra uma mulher e ridicularização disto com fins de sedução a uma menor. Estes relatos podem ser obtidos aqui, e comentários sobre o caso podem ser lidos aqui, aqui, e aqui. A resposta do professor, aqui.

      Nos diálogos publicados, nas defesas ao professor por seus amigos e mesmo na sua resposta, há a incrível sucessão de fé na ação opressora como “natural” e na permanência da opressão e do lugar de fala opressor como saída, além da clássica criminalização das denúncias e das denunciantes, com defesa de uma prática machista como regra.

     Ao buscar solução na justiça, com a mesma sanha punitivista que se fez regra condenar até se ver alvo de denúncias, se continua um processo de criminalização das vítimas, de reforço ao lugar de fala machista e de manutenção da opressão, e contra isso o coletivo Anarquia ou Barbárie se manifesta de forma veemente.

     O coletivo anarquia ou Barbárie se posiciona ao lado das vítimas e em apoio eloquente, em solidariedade ampla e se manifesta como defensor das vítimas de abuso contra todas as máquinas de opressão, sejam as máquinas estatais e legais, sejam as manobras difamatórias que tramam chamar de hipocrisia a resistência e a denúncia de opressão.

       Não adianta lutar pela transformação do mundo só até a página dois, ou declarar louvores à ação direta, e oprimir as companheiras.