Temos que arder sim!

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Em apoio à resistência negra e às suas chamas nos Estados Unidos da América hoje, um poema do poeta e ativista pela libertação de Moçambique, José Craveirinha:

Temos que arder sim!

Grito negro

Eu sou carvão!

E tu arrancas-me brutalmente do chão

e fazes-me tua mina, patrão.

 

Eu sou carvão!

E tu acendes-me, patrão,

para te servir eternamente como força

motriz

mas eternamente não, patrão.

 

Eu sou carvão

e tenho que arder sim;

queimar tudo com a força da minha

combustão.

 

Eu sou carvão;

tenho que arder na exploração

arder até às cinzas da maldição

arder vivo como alcatrão, meu irmão,

até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão.

 

Tenho que arder

Queimar tudo com o fogo da minha

combustão.

 

Sim!

Eu serei o teu carvão, patrão.

José Craveirinha

(28 de Maio de 1922 – 6 de Fevereiro de 2003)

Alguns poemas… – José Oiticica

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Fonte: Anarquia e Poesia – Blog para divulgação de poesias libertárias e outras de caráter crítico

A Hora

Eis a Hora, a grande hora da peleja,
Hora de sacrifícios e entusiasmo!
Pulsa meu coração, meu peito arqueja
No momento da ação replito e pasmo.

É a batalha final! Trovo, troveja,
Além-mar, o canhão; foi-se o marasmo
Da plebe una, e a revolta bemfazeja
Move espada e morrão, ódio e sacasmo.

Levantam-se os escravos contra os amos!
Há um clamor de vitória em toda a Terra…
Somos nós, anarquistas, que clamamos!

Nós que vamos sorrindo e subvertendo,
Arrastando os irmãos à Maior Guerra,
Num rebate de loucos, estupendo!

José Oiticica
Sonetos 2ª série (1911-1918) de 1919

O protesto

Protesto contra o mal da força e da justiça:
Um degrada a fraqueza, outro excita à agressão;
Contra a fé que reduz o homem a alma submissa,
Iludindo-o com céus que nunca se abrirão.

Clamo contra o senhor, clamo contra a cobiça,
Inventora de leis, criadora de opressão.
Sou Spártacus e odeio a pátria se esperdiça
Meu sangue e faz, do suor, esforço hostil e vão.

Bradam, no meu protesto, os prantos do passado…
Ira acêsa de todo um mundo sofredor;
Mártir do amo, do rei, do padre, do soldado!

Sou a nova intuição contra a lei do Senhor;
Sou a ação que destrói a moral do pecado,
Para erigir o orgulho e libertar o amor.

(José Oiticica – 1919)

A cidade

joseoiticica8Sinto a repulsa dos dominadores…
Sou novo, sou ateu, sou anarquista;
Não sigo a mesma norma dos doutores
E ergo, acima das baias, minha vista.

Aperto, entre meus dedos compressores,
A garganta da casta comodista;
Anuncio outra lei e outros valores;
Sou a palavra santa que conquista.

Vou sozinho, arrostando o ódio dos amos…
E em pó, no topo da colina extrema,
Indico ao povo a Sião para onde vamos:

Vamos para a cidade iluminada!
Vejo-a ao longe, a faiscar, como diadema,
Entre a prata e os carmins da madrugada.

José Oiticica
-1919

Remember, remember, the 5th of November…

GunpowderPlot“Remember, remember, the 5th of November The gunpowder treason and plot; I know of no reason why the gunpowder treason Should ever be forgot.”

 

Tradução livre:

“Lembrai, lembrai do cinco de novembro
A pólvora, a traição, o ardil
Não sei de uma razão para que a traição da pólvora
Seja algum dia esquecida.”
Lembrai, lembrai do 5 de novembro
A polvora, a traição e o ardil
Não sei de Nenhuma razão para que a traição da pólvora
Seja algum dia esquecida
Guy Fawkes,Guy Fawkes, esta era sua intenção
Explodir o rei e o Parlamento
Três montes de barris de polvora abaixo
Para derrubar a pobre Inglaterra
Fonte: Wikipedia