“Construiremos um Curdistão livre, sob a liderança das mulheres”

kobane

Fontehttp://newrozeuskalkurduelkartea.wordpress.com/2014/11/26/construiremos-un-kurdistan-libre-bajo-el-liderazgo-de-las-mujeres/

Tradução livre por Talita Rauber e revisão por Arthur Dantas

“Construiremos um Curdistão livre, sob a liderança das mulheres”

       Dirigindo-se a milhares de mulheres que marcharam de Dewser até o povoado de Mehsar (província de Urfa), na fronteira com Kobanê, para comemorar o 25 de novembro, Dia da Eliminação da Violência contra as Mulheres, a co-presidente da PYD (Partido da União Democrática), Asya Abdullah disse que elas, como mulheres curdas, davam as boas-vindas mais calorosas a todas as mulheres que haviam se reunido na fronteira em solidariedade com as combatentes das YPJ¹.

A. Abdullah também disse que “sempre se lembrariam de todas aquelas que haviam caído em batalha, salientando que as mulheres curdas, herdeiras de seu exemplo, estavam realizando uma revolução histórica em Rojava. Milhares de mulheres caíram na luta pela liberdade, centenas delas em Sinjar e Kobanê. A revolução das mulheres continua”.
Prosseguiu afirmando que a história está sendo reescrita em Kobanê, e que a resistência das YPJ tem sido a resposta à dominação machista e ao feminicídio, insistindo que a revolução em Rojava é uma chamada a todas as mulheres do mundo.
A co-presidente continuou dizendo que “a resistência em Kobanê segue muito firme, graças ao trabalho das mulheres, não esquecendo da resistência das mulheres em Sinjar. “As mulheres seguem combatendo em todas frentes de batalha, apesar de todos os ataques que têm que enfrentar. Enquanto ainda lutam na linha de frente, por outro lado, contribuem para a construção de uma vida democrática em toda a região do Oriente Médio, dominado pelo machismo. Nenhum ataque pode intimidar as mulheres que estão liderando a marcha para a liberdade nas quatro partes do Curdistão”.
Ela concluiu dizendo o seguinte: “Construiremos um Curdistão livre, sob a liderança das mulheres.”
Fonte ANF.

Nota de tradução:
¹ – YPJ: Unidades de Proteção das Mulheres; em curdo, Yekîneyên Parastina Jinê;

Nota do Coletivo Anarquia ou Barbárie sobre as recentes denúncias de abuso machista na internet

Desenho à mão, editado digitalmente. Por Talita Rauber.

“Potência”. Desenho à mão, editado digitalmente. Por Talita Rauber. 2014.

        Com vistas das recentes denúncias sobre assédio, abuso e opressão machista sobre mulheres, vindos de um conhecido intelectual de esquerda e professor universitário, o Coletivo Anarquia ou Barbárie se posiciona em completa solidariedade com as vítimas, não só em relação aos abusos por elas sofridos como aos ataques que vêm sofrendo de outros intelectuais, de chargistas e grupos inteiros autoproclamados de esquerda que desfilam pelas redes sociais mandando às favas os escrúpulos de consciência política, de empatia, de mínimo respeito mútuo, ideológico e de bom senso com relação às vítimas de opressão.

       Não é preciso ser doutor para ver, nos diálogos publicados, demonstrações de enorme machismo e posição dominador,a, opressora, de competição hierárquica entre homens e submissão de mulheres, com relatos de redução de um momento de violência contra uma mulher e ridicularização disto com fins de sedução a uma menor. Estes relatos podem ser obtidos aqui, e comentários sobre o caso podem ser lidos aqui, aqui, e aqui. A resposta do professor, aqui.

      Nos diálogos publicados, nas defesas ao professor por seus amigos e mesmo na sua resposta, há a incrível sucessão de fé na ação opressora como “natural” e na permanência da opressão e do lugar de fala opressor como saída, além da clássica criminalização das denúncias e das denunciantes, com defesa de uma prática machista como regra.

     Ao buscar solução na justiça, com a mesma sanha punitivista que se fez regra condenar até se ver alvo de denúncias, se continua um processo de criminalização das vítimas, de reforço ao lugar de fala machista e de manutenção da opressão, e contra isso o coletivo Anarquia ou Barbárie se manifesta de forma veemente.

     O coletivo anarquia ou Barbárie se posiciona ao lado das vítimas e em apoio eloquente, em solidariedade ampla e se manifesta como defensor das vítimas de abuso contra todas as máquinas de opressão, sejam as máquinas estatais e legais, sejam as manobras difamatórias que tramam chamar de hipocrisia a resistência e a denúncia de opressão.

       Não adianta lutar pela transformação do mundo só até a página dois, ou declarar louvores à ação direta, e oprimir as companheiras.