Vídeo: Capitalismo & Outras Coisas de Crianças

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Resenha por Cid Oliveira

Capitalismo & Outras Coisas de Crianças, um vídeo curto e direto que nos convida a olhar de uma forma diferente para o mundo em que vivemos e a questionar algumas das mais básicas premissas da vida no Capitalismo. Um ponto interessante deste trabalho é apresentar em linguagem clara e sem jargões econômicos ou políticos as bases sobre as quais se assentam o Capitalismo e, com isso, levar à capacidade de instruir e despertar a consciência crítica, ao demonstrar que, ao contrário do que quer nos fazer pensar a ideologia imperialista neoliberal estadunidense, um outro mundo baseado na cooperação e na ajuda mutua é possível!

Belas palavras escritas há alguns meses por algumas das anarquistas sequestradas pela Operação Pandora

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Fonte: Contrainformate

Solidaridade e luta

Para quem luta, a solidariedade não é um conceito vazio e distante de nossa capacidade ofensiva e dos conflitos desenvolvidos na própria luta.

Para quem luta, a solidariedade não é um “assunto” que emerge unicamente em “momentos” repressivos concretos, porque a repressão não é um “momento” senão parte inevitável e permanente dos mecanismos do Estado contra quem se rebela.

Para quem luta, a solidariedade entre quem se levanta contra a miséria diária é uma constante que permite criar a manter laços combativos que rompam o cerco do chicoteamento, do isolamento, da prisão e/ou imobilismo.

Para quem luta, a solidariedade transcende fronteiras impostas tentando transcendê-las e destruí-las através da agitação e da ação.

Para quem luta, o sentido da solidariedade busca esgotar a solidão do confinamento, livrar uma batalha contra o esquecimento de nossxs companheirxs sequestradxs pelos Estados, evidenciar a lógica do domínio que busca condená-lxs ao abandono.

Para quem luta, a solidariedade busca se traduzir em verdadeira intenção que gera gestos de rebeldia que desatem axs nossxs.

Para quem luta, nemhum deve se ver só, seja na prisão ou no cárcere a seu aberto na qual vivemos.

Para quem luta, tudo está para ser decidido, tudo está para ser feito.

Tenhamos a iniciativa.

Por todxs xs companheirxs que com garra continuam apostando na ruptura de todas as correntes.

A continuidade da luta se dá por cada um, se dá por todxs, até que não reste nenhum muro em pé.

VIVA A ANARQUIA

Para escrever axs companheirxs:

Beatriz Isabel Velazquez Davila Lisa Sandra Dorfer P. Madrid VII – Estremera Ctra. M-241 km 5,7 28595 Estremera

Madrid España

Alba Gracia Martínez Noemí Cuadrado Carvajal Anna Hernandez del Blanco P. Madrid V – Soto del Real Carretera M-609, Km 3,5 28791 Soto del Real Madrid España

Enrique Balaguer Pérez P. Madrid VI – Aranjuez Ctra. Nacional 400, Km. 28 28300 Aranjuez Madrid España

David Juan Fernández P. Madrid III – Valdemoro Ctra. Pinto-San Martín de la Vega, km. 4,5 28340 Valdemoro Madrid España

Mónica Andrea Caballero Sepúlveda Ávila-Prisión Provincial Ctra. de Vicolozano s/n Apdo. 206 05194 Brieva (Ávila) España

Francisco Javier Solar Domínguez C.P. de Villabona Finca Tabladiello 33480 Villabona-Llanera (Asturias) España

Socialismo, Igualdade de Gênero e Ecologia Social nas Montanhas do Curdistão

FONTE: “PORTAL ANARQUISTA – EX-COLECTIVO LIBERTÁRIO DE ÉVORA
7/01/15

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KCK (Koma Civakên Kurdistán, União de Comunidades do Curdistão) é o nome dado a esta organização social. O nome – e a preparação do seu quadro teórico – foi proposto pelo líder do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), Abdullah Öcalan, na sua cela da prisão da ilha Imrali, na Turquia; apesar disto, tanto Öcalan como o PKK reconhecem, sem qualquer dúvida, os indispensáveis e inestimáveis contributos proporcionados por Murray Bookchin.

Giran Ozcan

A KCK é uma organização “guarda-chuva”, democrática, confederal, livre de Estado, da hierarquia e da exploração, do Curdistão Livre.

No interior da organização social KCK existente nas montanhas do Curdistão o conceito de dinheiro é supérfluo. As necessidades econômicas dos habitantes são satisfeitas internamente através da gestão partilhada dos recursos. Não obstante, o dinheiro é utilizado nas relações comerciais com o exterior; internamente o dinheiro é impensável. Ninguém, nem nenhuma comunidade no interior da KCK tem necessidade de gerar reservas de dinheiro ou de recursos. As reservas são distribuídas constantemente e, deste modo, utilizadas. Relativamente às sociedades pré-hierárquicas e pré-exploração a organização KCK acrescenta a cultura do dar mais do que a do trocar.

A gestão partilhada da agricultura assegura uma produção e um autoconsumo auto-suficiente dos recursos humanos, tornando irrelevantes as reservas, o valor de troca e a mercantilização dos bens.

A tentativa de emancipação feminina por parte dos membros do PKK e dos seus dirigentes começou com a “destruição da virilidade”. Um ataque aos conceitos de falsa virilidade inoculada nos sujeitos masculinos por parte do sistema patriarcal. Esta falsa virilidade funcionava de forma a que, enquanto cada homem era oprimido e explorado pelo sistema capitalista em cada célula do seu corpo, não se coibia de explorar a sua própria mãe, irmã, filha ou esposa.

Esta estratégia deriva das interrogações teóricas de Abdullah Öcalan, que chegou a dizer que “as mulheres são as primeiras colônias” e que a primeira exploração não foi produzida sobre a classe trabalhadora, mas sim sobre a mulher. Este é o motivo pelo qual a igualdade de gênero nas montanhas do Curdistão foi obtida através de esforços paralelos de reforço dos poderes da mulher e de purificação dos homens das doenças do patriarcado e da organização hierárquica da sociedade.

As consequências práticas deste facto são: a representação equitativa das mulheres em todas as instâncias administrativas através de um sistema copresidencial e a organização ideológica, política, social e militar das mulheres numa organização autônoma: a KBJ (A União Suprema de Mulheres).

No interior do Curdistão livre, as comunidades estão organizadas de modo a não serem consideradas uma ameaça para o meio-ambiente. Sempre que possível são favorecidas as fontes de emergia renováveis; por suas vez, os recursos energéticos como a a água e o gás são consumidos de modo conjugado a fim de tornarem sustentáveis tanto a sociedade como o meio-ambiente.

O vegetarianismo foi promovido e a caça foi completamente proscrita, assim como a desflorestação (só é permitido queimar ramos e árvores secos). Tudo isto baseia-se na premissa de que o meio-ambiente não é uma fonte de negócio, mas sim de vida; a utilização do meio-ambiente como origem de lucros sucumbe face ao seu reconhecimento como fonte de vida.

Os acontecimentos em Rojava (norte da Síria) mostram que a filosofia do líder do PKK, Abdullah Öcalan, em vez de tornar mais moderadas as reivindicações, põe a fasquia cada vez mais alta. Este é o motivo pelo qual em Rojava não se está a combater apenas para proteger a actual organização social dos grupos extremistas, mas também para se protegerem dos ataques do sistema do capitalismo global como o KDP (Partido Democrático do Curdistão), do governo turco, do regime de Assad e do ensurdecedor silêncio do Ocidente!

O movimento de libertação do Curdistão, dirigido pelo PKK, já não está a exigir um Estado nacional curdo, que apenas iria reproduzir a exploração, as estruturas hierárquicas e a desigualdade de gênero; está a fazer um chamamento para um sistema alternativo de organização social no qual a questão curda seja resolvida em paralelo com as questões da exploração, da emancipação de gênero e da libertação de todos os seres humanos. Neste sentido, a sua proposta é a KCK, a União de Comunidades do Curdistão.

https://www.nodo50.org/tierraylibertad/318articulo6.html

Os seguros do trabalhador não deixam mais ninguém seguro, o papel de palhaço e outras histórias

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Por Gilson Moura Henrique Junior

A absoluta crueldade do estado para com os trabalhadores jamais foi novidade. A novidade, no Brasil, é que ataques aos direitos dos trabalhadores tenha vindo, pasmem, de um partido nomeado “Partido dos Trabalhadores”.

Não que isso seja novidade também.

Basta que a gente se lembre que o Partido dos Trabalhadores praticamente inaugurou seu primeiro mandato de presidente da república na história com a consolidação da reforma da previdência, um dos mais cruéis ataques aos direitos dos trabalhadores que se tem notícia.

Com esse ataque o governo Lula foi feliz ao acenar ao mercado que sua ação de forma contente agiria mantendo a ampliação da idade mínima para se aposentar, reduzindo direitos previdenciários, criando o fator previdenciário,etc.

Essa reforma foi lida pela mídia à época como “grande vitória do Governo Lula”, e o elogio não foi à toa, mesmo diante da ilegalidade da reforma, dado que os pilares da reforma eram um claro aceno que o então governo “de esquerda” estava fazendo uma gestão econômica que não rompia com os pilares neoliberais herdados do governo FHC, embora fizesse ajustes gerenciais que ampliavam a margem de manobra de investimentos do estado na economia.

Além disso, a manutenção de um tucano na presidência do Banco Central, a instituição de um superavit primário superior aos do governo tucano (ampliando o dinheiro destinado ao pagamento dos juros da dívida pública), tudo gerava um contentamento no mercado financeiro na elite econômica, que havia ficado nervoso com a possibilidade de um governo concretamente de esquerda gerindo o estado brasileiro.

De lá pra cá, tudo foi muito bem gerido no âmbito da relação entre esquerda e governo, entre a publicidade oficial e a organizada militância cotidiana de defesa dos governos do PT que a cada movimento da ampla e irrestrita guinada à direita , para a cada exemplo tático desta guinada ser oferecido ao interlocutor um dado positivo do governo.

A questão é que os dados positivos do governo foram a cada dia escasseando mais sob o ponto de vista do trabalhador e não fugindo muito da existência do bolsa-família, ausência de privatizações às claras e manutenção de direitos dos trabalhadores.

Bem, nem isso agora dá pra ser sustentado diante dos ataques diretos ao seguro-desemprego, auxílio doença e seguro defeso feitos pelo governo Dilma no apagar das luzes de 2014.

O ataque especialmente ao seguro-desemprego e seguro-defeso atingem diretamente a população mais pobre e presente em mercados com maior rotatividade empregatícia ou dependentes do seguro governamental no período onde são impossibilitados de efetivamente trabalharem para seu sustento, caso do seguro-defeso.

Ao criar meios de na prática impedir o acesso ao seguro-desemprego e seguro defeso, o governo tira da proteção estatal um exército enorme de pessoas que dependem disso pra comer. São pescadores que na época de defeso não podem pescar, dado que defeso é o período de proteção à reprodução de espécies de peixes, crustáceos e moluscos marinhos e de rio. São trabalhadores do agronegócio que são demitidos após o término de suas atividades, algo que dificilmente supera seis meses e que ficam sem proteção do estado quando não há mais trabalho a ser executado.

Além disso ser extremamente cruel, a economia de 9 bilhões de reais é troco de pinga, dado que a maior parte do orçamento da república vai pro pagamento de juros da dívida pública através dos recursos obtidos a partir do superavit primário. Ou seja, o governo destina muitos bilhões pros bancos e corta a verba destinada aos mais pobres pra economizar algo que se reduzisse apenas meio por cento do dinheiro destinado aos bancos conseguiria economizar. É uma opção clara atingir direitos ao invés de atingir o pagamento de uma dívida que inclusive tem a legitimidade contestada por auditores da auditoria cidadã da dívida.

Ou seja, o governo Dilma antes mesmo do defunto da credibilidade coletiva em cima de uma surreal e improvável guinada à esquerda por sue governo esfriar já abriu um saco de maldades que dificilmente é feito de um maquiavelismo digno de nota.

Isso sem contar um ministério dos horrores onde uma de suas próceres já anunciou que “Não existe latifúndio no Brasil e os índios é que ‘descem para áreas agricultáveis’”.

A sensação de quem vê de fora é que Dilma Roussef não só apelou pra desmoralização completa da malta de tolos que a seguiu acreditando no marketing do João Santana como resolveu discipliná-los através do escarnio e da crueldade.

Só que para além das críticas e ironias quem será atingido é quem fez parte do que os petistas adoravam dizer: Os quarenta milhões retirados da miséria.

Além de terem sido retirados da miséria sem serem retirados da mira assassina da polícia militarizada, racista e elitista, estes entes foram removidos de suas casas para as obras da copa, tiveram o bioma de onde tiravam seu sustento destruído, foram mortos e assassinados pelo agronegócio reforçado pela posse de Katia Breu como ministra da agricultura e agora ou são impedidos de obterem recursos do seguro-desemprego enquanto ficam sem trabalho a partir da sazonalidade e rotatividade do mercado de trabalho local ou tem de escolher entre o bolsa-família e o seguro defeso nos períodos de defeso onde legalmente são impedidos de pescar.

Ou seja, os quarenta milhões que saíram da miséria tão sendo empurrados pra ela de novo ou pior, vão ser empurrados pro crime ambiental.

Ah, esqueci de lembrar que a maior parte das espécies ameaçadas de extinção no Brasil é de peixes. Assim, além de atacar direitos dos trabalhadores a Dilma ataca o meio ambiente, como se não bastasse o caráter predatório de seu governo.

Então, quando o voto crítico com fome juvenil, toscamente autoproclamada de “Petralha”, arrogantemente ignorava avisos de tudo isso que está acontecendo (Mesmo tudo o que está acontecendo conseguir superar o mais crítico e ácido crítico do governo), não contavam com a astúcia da presidenta que qual um Chapolin colorado do mal ao ser perguntado “E agora quem irá nos proteger?”, agora responde: “Ninguém!’.

Ninguém está seguro diante de não uma guinada à direita, mas A guinada à direita, que já era apontada com a composição do ministério cantada em verso e prosa pela oposição à esquerda do governo que iria acontecer (ministro da fazenda ligado a bancos e agronegócio na agricultura). E essa ausência de segurança é exemplar ao atingir primeiramente o que segurava os trabalhadores em períodos de vacas magras forçadas pelo mercado ou pelas leis ambientais.

Quando nenhum seguro é respeitado a única coisa que nos resta é a luta e se espera que junto a esta luta se alinhem quem outrora latia vulgarmente para uma poesia amestrada em programa eleitoral ignorando os uivos de quem já antecipava o pior.

E é de bom tom que os novos lobos saibam fazer autocrítica de seu papel de palhaço na farsa eleitoral.

EM DOIS ANOS IMPRENSA ANARQUISTA NA AMÉRICA LATINA CRESCEU MAIS DE 50 POR CENTO

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Fonte: Coletivo Libertário Evora

Em Dezembro de 2012, há exactamente dois anos atrás, o jornal anarquista venezuelano el libertario fez um levantamento da imprensa libertária periódica contemporânea na América Latina e identificou 66 publicações activas e com presença nos meios anarquistas, o que – para os autores da pesquisa – era motivo de contentamento já “que tal número indicava o novo impulso que a imprensa ácrata latino-americana estava a tomar no século XXI, depois de na segunda metade do século anterior ter entrado num declive que parecia insuperável”.

Novo inventário foi feito agora. E o número de jornais e revistas anarquistas aumentou mais de 50 por cento na América Latina, situando-se agora nos 100 títulos: 80 em castelhano (editados em 12 países que falam o castelhano) e 20 em português (no Brasil). Para os editores de el libertario este renascer da imprensa libertária “é um dos indicadores mais patentes da reaparição do anarquismo latino-americano não só no âmbito comunicacional, mas também na área política, social e cultural. Registemos também o mérito adicional que representa pôr na rua cada um destes porta-vozes, pois não são simples os desafios a vencer nestas terras para planear, editar e fazer circular qualquer publicação que difunda os ideais de liberdade e de igualdade em solidariedade”.

Segue a lista das publicações que têm páginas na internet (pesquisa também da responsabilidade de el libertario):

A .- Meios impressos com edições accessíveis na Internet (96)

* (((A))) Info, Brasil.  http://anarkio.net/index.php/jrn/

* A Fagulha, Brasil. http://quebrandomuros.wordpress.com/jornal-a-fagulha

* A Ovelha Negra, Brasil. http://anarkio.net/index.php/rvts

A Plebe, Brasil. www.grupos.com.br/blog/sindivariosspfospcobacatait

Abrazando el Caos, Argentina.http://instintosalvaje.noblogs.org/abrazando-el-caos

Acracia, Chile. http://periodicoacracia.wordpress.com

Anarquía, Uruguay. http://periodicoanarquia.wordpress.com

* Anarquía y Comunismo, Chile.https://bibliotecasantecaserio.wordpress.com/category/periodicos

Apoyo Mutuo, México.www.federacionanarquistademexico.org/periodico-apoyo-mutuo

* Aullidos!, Chile.https://contrainformateblog.wordpress.com/2014/04/17/sale-nueva-revista-antiautoritaria-aullidos-no1-abril-2014

* Aurora Obreira, Brasil.  http://anarkio.net/index.php/rvts

* Autónoma, Chile. http://periodicoautonoma.wordpress.com

* Atentados, El Salvador. www.autistici.org/colectivolarevuelta/?q=taxonomy/term/4

* Bandera Negra, Costa Rica. https://banderanegrablog.wordpress.com

* Boletim Operario, Brasil. http://boletimoperario.blogspot.com.br

* Cangalla, Chile.http://periodicoelsolacrata.files.wordpress.com/2014/11/cangalla-nc2ba1-pa-subir.pdf

* Causa do Povo, Brasil.http://uniaoanarquista.wordpress.com/publicacoes/jornal-causa-do-povo

* Chenque Negro, Argentina. www.boletinchenquenegrocr.blogspot.com.ar

* Cimarrón, Argentina.http://es.contrainfo.espiv.net/2014/06/21/argentina-sale-el-no2-de-la-publicacion-anarquica-cimarron

* Contra Toda Autoridad, Chile.https://contratodaautoridad.wordpress.com

* Contracorriente, Argentina. http://issuu.com/ellibertario/docs/cont2

Cuba Libertaria. http://issuu.com/search?q=cuba%20libertaria

Dekadencia Humana, Argentina. http://dekadencia-humana-punkzine.blogspot.com

Destruye las Prisiones, México.http://es.contrainfo.espiv.net/2014/11/11/mexico-sale-el-no-4-de-destruye-las-prisiones

* Disidencia, Argentina.www.mediafire.com/view/iomwf17w19b7of1/Disidencia_N%C2%B01_%28Publicacion_Anarquista%29.pdf

* Disidencia Radical, Venezuelahttp://movimientoanarquistavalenciano.wordpress.com

* Ecopolítica, Brasil www.pucsp.br/ecopolitica

EDA / Educación Antiautoritaria, Chile.http://educacionantiautoritaria.blogspot.com

El Aguijón, Colombia. http://elaguijon-klavandoladuda.blogspot.com

* El Deseo como una de las más Bellas Armas, Argentina.www.columnanegra.org/2014/fanzine-el-deseo-como-un-de-las-mas-bellas-armas-2/

El Forista, Argentina. http://oficiosvariosrosario.wordpress.com/el-forista

* El Laburante, Argentina. http://capital.fora-ait.com.ar/category/el-laburante

El Libertario, Venezuela. www.nodo50.org/ellibertario

El Sol Ácrata, Chile. http://periodicoelsolacrata.wordpress.com

* Ellos no pueden parar la revuelta, ¿?http://antagonismo.net/index.php/contenido/publicaciones/2803-revista-ellos-no-pueden-parar-la-revuelta

* Emecê, Brasil. http://marquesdacosta.wordpress.com

Erosión, Chile. http://erosion.grupogomezrojas.org

Exilio Interior, Venezuela. http://exiliointeriorzine.blogspot.com

Existencia Muerta, Venezuela. http://las-ideas-nunca-mueren.contrapoder.org.ve

* Flora Sanhueza, Chile. http://libreriaflorasanhueza.wordpress.com

* Fusil Negro, Chile.https://contrainformateblog.wordpress.com/2014/08/20/hile-boletin-contrainformativo-fusil-negro-todas-sus-publicaciones

* Germinal, Argentina. http://oficiosvarios-zonanorte.blogspot.com/p/germinal.html

* Habitantes, Argentina. www.revistahabitantes.com.ar

* Hoja Sanitaria, Chile. http://saludantiautoritaria.blogspot.com

* Krea Desorden, Ecuador.https://www.facebook.com/kreadesordenfanzine

* La Boina, Chile. http://periodicolaboina.wordpress.com

* La Cima, Chile. http://periodicolacimaanarquista.wordpress.com

* La Fragua (Capital), Argentina. http://capital.fora-ait.com.ar/tag/la-fragua

* La Fragua (Neuquén), Argentina. http://srovnqn.blogspot.com

La Fuerza de los de Abajo, Argentina.www.facebook.com/lafuerzadelosdeabajo

* La Idea, Chile.https://contrainformateblog.wordpress.com/2014/08/07/hile-primera-edicion-revista-anarquista-la-idea-abril-2014

La Oveja Negra, Argentina. http://boletinlaovejanegra.blogspot.com

* La Pedagogía Libertaria, Venezuela.www.facebook.com/groups/educacionlibertariaccss/?fref=ts

* La Pestezine, Chile. http://lapeste.org/category/recursos/la-pestezine

* La Protesta, Argentina.http://musicaypeliculasacratas.blogspot.com/2014/11/la-protesta-publicacion-anarquista.html

* La Semilla, México.www.antagonismo.net/images/stories/Antagonismo/JuventudLibertaria/SemillasPDF/Semilla_Julio_2014.pdf

* La Toño Domínguez, Chile. http://latonodominguez.blogspot.com

Libera, Brasil. https://anarquismorj.wordpress.com/publicacoes/libera-baixa

* Liberdade, Brasil. http://casamafalda.org/o-jornalzine-liberdade-1-esta-no-ar

* Libertad, México.http://instintosalvaje.noblogs.org/files/2014/10/libertad.pdf

Libertad!, Argentina. www.periodicolibertad.com.ar

* Libertaria, Chile. http://revolucionanarquista.cl/revista-libertaria

* Mandu Ladino, Brasil. www.anarquistas-pi.blogspot.com.br/2014/08/lancamento-da-revista-mandu-ladino.html

* Negación, México. http://es.contrainfo.espiv.net/tag/revista-negacion

* No Batente, Brasil. http://anarquismopr.org/publicacoes/no-batente

* Notas Insurreccionales, Perú.www.alasbarricadas.org/noticias/node/28853

* Opinião Anarquista, Brasil.http://anarquismopr.org/publicacoes/opinioes-anarquistas

Organización Obrera, Argentina. http://fora-ait.com.ar/blog/organizacion-obrera

Organízate y Lucha, Argentina. http://socderesistenciamza.blogspot.com

* Palabras Nocivas, México. http://es.contrainfo.espiv.net/?s=Palabras+Nocivas&submit.x=0&submit.y=0

* Pampa Negra, Chile. http://pampanegra.blogspot.com

Parrhesia, Argentina. http://laletraindomita.blogspot.com

* Pensamento e Batalha, Brasil. www.federacaoanarquistagaucha.org/?cat=10

* Prensa Negra, Argentina. http://negralaprensa.wordpress.com

* Presidiario, Colombia. http://cnamedellin.espivblogs.net

* Rebelión, Argentina. http://es.scribd.com/doc/239243831/Rebelion-4

Refractario, Chile. http://publicacionrefractario.wordpress.com

* Regresión, México. http://es.contrainfo.espiv.net/2014/10/26/mexico-no-2-de-la-revista-regresion

* Revista da Biblioteca Terra Livre, Brasil. http://revistabtl.noblogs.org

* Revolución hasta el Fin, Chilewww.antagonismo.net/index.php/contenido/publicaciones/2784-numero-0-revolucion-hasta-el-fin

Salud Antiautoritaria, Chile. http://saludantiautoritaria.blogspot.com

* Semilla de Liberación, Argentina.http://semilladeliberacion.wordpress.com

* Socialismo Libertário (jornal), Brasil.http://anarquismopr.org/publicacoes/jornal-socialismo-libertario

Socialismo Libertário (revista), Brasil.www.cabn.libertar.org/publicacoes/revista-socialismo-libertario

Sociedad de Amigos Contra el Estado, Bolivia.http://anarquiacochabamba.blogspot.com

Solidaridad, Chile. www.periodico-solidaridad.cl

* Solidaridad Proletaria, México.https://solidaridadproletaria.wordpress.com

* Teoría y Práctica de la Insurrección, Méxicohttp://es.contrainfo.espiv.net/files/2014/11/revistaterminada.pdf

Tierra y Tempestad, Uruguay.http://laturbaediciones.wordpress.com/tierra-y-tempestad

* Total Diskordia, Venezuela.http://issuu.com/ellibertario/docs/totaldiskordiazine_nro5

* Un Disparo Colectivo, El Salvador. https://onedrive.live.com/view.aspx?resid=82C03A59AF1CE3CE!132&ithint=file%2cpdf&app=WordPdf&authkey=!ANw25Kt1zwxDtes

* Verba Negra, Chile. https://grupoeditorialverbanegra.wordpress.com

* Verbo Libertario, México.http://saccoyvanzetti.wordpress.com/category/revista-verbo-libertario

Verve, Brasil. www.nu-sol.org/verve/verve1.php

* Via Combativa, Brasil.http://uniaoanarquista.wordpress.com/publicacoes/revista-via-combativa

* Volver a la Tierra, Chile. https://grupovolveralatierra.wordpress.com/publicaciones-anteriores

B.- Meios impressos não disponíveis na Internet (4)

* Delira, Chile. revistadelira@mail.com

* Doderlein, Venezuela. doderlein.diystro@gmail.com

* Obra Negra, México. http://colectivoautonomomagonista.blogspot.com

Política y Sociedad, Chile. http://hyscomunistaanarquica.blogspot.com

Nota final: Em 2014, o El Libertario apresentou outras duas compilações que, em espaços distintos da edição jornalística, dão testemunho daquilo que se está a  produzir na América latina para a difusão do ideal ácrata em língua castelhana:

° “205 livros en castelhano do anarquismo latino-americano do século XXI”

http://periodicoellibertario.blogspot.com/2014/08/203-libros-en-castellano-del-anarquismo.html

° “63 videos e filmes libertarios da América Latina em castelhano”

http://periodicoellibertario.blogspot.com/2014/07/63-videos-y-films-libertarios-de.html

retirado daqui: http://periodicoellibertario.blogspot.com/2014/12/prensa-latinoamericana-llega-al.html

PARIS, 1968 – MURRAY BOOKCHIN

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Fonte: Contr’un

Por Murray Bookchin

(Em O Anarquismo pós-escassez, 1974)

A Qualidade da vida cotidiana


A rebelião de maio-junho de 1968 foi um dos mais importantes acon­tecimentos que ocorreram na França desde a Comuna de Paris em 1871. Ela não só sacudiu as bases da sociedade burguesa na França, como levan­tou problemas e apresentou soluções de uma importância sem preceden­tes para a sociedade industrial moderna, merecendo ser estudada e discu­tida em profundidade pêlos revolucionários de todo o mundo.

A rebelião de maio-junho aconteceu num país industrializado e orientado para o consumo — menos desenvolvido que os Estados Unidos, mas pertencendo basicamente à mesma categoria econômica. A revolta destruiu o mito de que a riqueza e os recursos da moderna sociedade industrial podem ser usados para neutralizar todas as formas de oposição revolucionária. Os acontecimentos de maio-junho demonstraram que as con­tradições e antagonismos do capitalismo não são eliminados pela estratificação e por formas avançadas de industrialismo, mas apenas transformados em forma e caráter.

O fato de que a revolta pegou a todos de surpresa, mesmo os mais sofisticados teóricos dos movimentos marxistas, situacionistas e anarquistas, ressalta a importância dos acontecimentos de maio-junho e suscita a necessidade de examinar as origens da inquietação revolucionária da sociedade moderna.

As inscrições que podiam ser lidas nos muros de Paris – “Poder para a imaginação”, “É proibido proibir”. “A vida sem tempos mortos”, “Trabalho, nunca”—representam uma análise mais profunda dessas origens do que todos os volumes cheios de teorias herdadas do passado. A revolução revelou que chegamos ao fim de uma era e ao início de novos tempos. As forças que hoje motivam a revolução — pelo menos no mundo industrializado — já não são simplesmente a escassez e a necessidade material, mas também a qualidade da vida cotidiana, a necessidade de liberação da experiência e a tentativa de controlar o próprio destino.

Não importa que as inscrições dos muros de Paris tivessem sido feitas, no início, por uma pequena minoria. Por tudo o que vi até agora, parece claro que os graffiti (que hoje enchem vários volumes) incendiaram a imaginação de muitos milhares em Paris. Eles conseguiram expor a coragem/nervo revolucionário da cidade

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Um movimento majoritário espontâneo

A revolta foi um movimento majoritário no sentido de que fez um corte longitudinal por todas as camadas da sociedade francesa, envolvendo não apenas estudantes e operários, mas técnicos, engenheiros e funcionários em quase todos os níveis da burocracia estatal, industrial e comercial. Atingiu profissionais liberais e trabalhadores, intelectuais e jogadores de futebol, artistas de televisão e operários do metro. Chegou a penetrar na força policial da cidade e é quase certo que afetou também a grande massa de soldados alistados no exército francês.
A rebelião foi iniciada basicamente pêlos jovens. Ela começou entre os estudantes universitários e depois foi apoiada pêlos jovens operários industriais, pêlos jovens desempregados e pêlos “jaquetas de couro” — a assim chamada delinqüência juvenil das cidades. Deve-se salientar especialmente a participação dos estudantes de segundo grau e dos adolescentes que frequentemente demonstraram mais coragem e determinação do que os seus colegas universitários. Mas a revolta afetou os mais velhos também: funcionários burocráticos, trabalhadores braçais, técnicos e profissionais. Embora tivesse sido catalizada pêlos revolucionários conscientes, especialmente por grupos de afinidade anarquista, de cuja existência ninguém suspeitava nem mesmo vagamente, o fluxo, o movimento de rebelião foi espontâneo.

Ninguém incitou à revolta, ninguém chegou a organizá-la e também ninguém conseguiu controlá-la.
Durante a maior parte daqueles dias de maio e junho, houve uma atmosfera de festa, um despertar da solidariedade, um desejo de ajudar-se mutuamente, de expressar a própria individualidade, algo que não era visto em Paris desde os dias da Comuna. As pessoas estavam literalmente redescobrirido — ou talvez reconstruindo — a si próprias e aos outros. Em muitas cidades industriais, os operários entupiam as praças, hasteavam bandeiras vermelhas, liam avidamente e discutiam cada panfleto que lhes caísse nas mãos.

Milhares de pessoas foram atacadas por uma febre de viver, um renascer de sentimentos que nem sonhavam possuir, de uma alegria e um entusiasmo que nunca pensaram poder sentir. As línguas ficaram mais soltas, os ouvidos e os olhos adquiriram mais acuidade. Cantava-se e muitas das velhas canções ganharam novas letras, mais irreverentes. Os pátios das fábricas se transformavam em salões de baile.

As inibições sexuais que paralisavam a vida de tantos jovens franceses foram destruídas em poucos dias. Esta não era uma revolta solene, um golpe de estado burocraticamente planejado e manipulado por um “partido de vanguarda”, mas algo espirituoso, satírico, criativo — e justa­mente aí estava a sua força, a sua capacidade de mobilizar e contagiar as pessoas.
Muitos conseguiram transcender as estreitas limitações que obstruíam sua visão social. Para milhares de estudantes, a revolução veio desmistificar o pretensioso sentimento de classe, como se os estudantes constituíssem uma casta privilegiada, o que na América é expresso pêlos exames classificatórios e pelo empolado sociologês dos documentos analíticos. Cada operário que se integrava aos comitês de ação em Censier deixava de ser um operário, como tal, para tornar-se um revolucionário. E era precisamente com base nessa nova identidade que pessoas que tinham passado a vida em universidades, fábricas e escritórios podiam encontrar-se livremente, trocar experiências e engajar-se em ações comuns sem preconceitos contra seu meio social ou suas origens.
A revolta tinha criado o ponto de partida de sua própria sociedade, sem classes nem hierarquia. Sua tarefa básica era estender os seus domínios a todo o país, a cada recanto da sociedade francesa e só conseguiria fazê-lo se o princípio de auto-determinação pudesse ser aplicado em todas as suas formas — as assembléias gerais e seus modelos administrativos, os comitês de greve nas fábricas — a todas as áreas da economia e da própria vida. Quem melhor parece ter entendido esta necessidade não foram os operários das indústrias mais tradicionais, onde as CGTs controladas pêlos comunistas exerciam sua poderosa influência, mas os das indústrias modernas, de tecnologia mais avançada, como a eletrônica.(Desejo salientar que esta é uma conclusão puramente especulativa a que chegamos depois de ouvir uma série de episódios esparsos, mas bastante significativos, relatados por jovens militantes dos comitês de ação integrados por estudantes e operários.)

Autoridade e hierarquia:

Um dos aspectos mais importantes da revolta de maio-junho foi a luz que ela lançou sobre a questão da autoridade e da hierarquia.

A este respeito, ela representou um desafio não só aos processos conscientes dos indivíduos mas aos seus mais arraigados hábitos inconscientes e aos condicionamentos impostos pela sociedade. Não creio que seja pre­ciso discutir aqui que tais hábitos são instilados no indivíduo desde os primeiros anos de vida — no ambiente familiar, na educação recebida no lar e na escola, na organização do trabalho, do lazer e da vida cotidiana. Esta amoldagem da estrutura do caráter, segundo normas criadas a partir de arquétipos de obediência e comando, constituem a própria essência daquilo a que chamamos de socialização da juventude.

A mística da organização burocrática, de hierarquias e estruturas impostas e formais, impregna os movimentos mais radicais em períodos não-revolucionários. A extraordinária suscetibilidade da esquerda aos impulsos autoritários e hierárquicos revela que o movimento radical está profundamente enraizado naquela mesma sociedade que aparentemente deseja destruir. Sob este aspecto, quase todas as organizações revolucionárias são uma fonte potencial de contra-revolução e este potencial só pode ser reduzido se a organização revolucionária for estruturada de tal modo que seu modelo espelhe as formas diretas e descentralizadas de liberdade pregadas pela revolução, e se a organização revolucionária promover a adoção de uma personalidade e um modo de vida realmente livres. Só assim o movimento revolucionário será capaz de integrar-se na revolução, sendo absorvido pelo novo modelo social democrático assim como a linha cirúrgica acaba desaparecendo, absorvida pela fenda que cicatriza.

A ação revolucionária destrói todos os laços que mantêm autoridade e hierarquia unidas na ordem social existente. A participação direta do po­vo na arena social é a própria essência da revolução, forma mais avançada de ação social, assim como a ação direta em épocas “normais” é uma preparação indispensável para a ação revolucionária. Em ambos os casos, o que ocorre é uma substituição da ação social, a partir das camadas mais baixas, pela ação política dentro da estrutura hierárquica já estabelecida. Em ambos os casos, há uma transformação molecular de “massas”, classes e níveis sociais, que passam a ser apenas indivíduos revolucionários. É necessário que esta nova condição se torne permanente para que a revolução possa ser bem sucedida — do contrário ela se transformará apenas numa contra-revolução mascarada de ideologia revolucionária. Cada fórmula, cada organização, cada programa “testado e aprovado” deve dar lugar às exigências da revolução. Não há nenhuma teoria, programa ou partido que possa valer mais do que a própria revolução. Entre os mais sérios obstáculos ao sucesso da revolta de maio-junho estavam não apenas De Gaulle e a polícia mas as rígidas organizações de esquerda — o Partido Comunista, que sufocou qualquer espécie de iniciativa em muitas fábricas e os grupos trotskystas que conseguiram criar um péssimo clima durante a assembléia geral na Sorbonne. Não me refiro aqui aos inúmeros indivíduos que se identificavam romanticamente com Che, Mao, Lênin ou Trotsky (e muitas vezes com todos eles a um só tempo), mas daqueles que perdiam totalmente a identidade, a iniciativa e a vontade própria, entregando-se a organizações hierárquicas submetidas a uma rigorosa disciplina. Por mais bem intencionadas que fossem essas pessoas, sua tarefa era “disciplinar” a revolta, ou mais precisamente, retirar dela seus aspectos revolucionários, introduzindo hábitos de obediência e autoridade que suas organizações haviam assimilado da ordem estabelecida. Estes hábitos, estimulados pela participação em organizações muito bem estruturadas — organizações modeladas, na verdade, naquela mesma sociedade que os revolucionários afirmam querer destruir — levavam ao aparecimento de estratégias parlamentares, “panelinhas” secretas, e tentativas de controlar as formas revolucionárias de liberdade criadas pela revolução.

Isto tudo fez com que surgisse, durante a assembléia da Sorbonne, um sonho venenoso de manipulação. Muitos dos estudantes com que falei estavam absolutamente convencidos de que estes grupos estariam dispostos a destruir a assembléia se não pudessem “controlá-la”. Estes grupos não estavam preocupados com a vitalidade das novas formas criadas pela revolução mas apenas com o crescimento de suas próprias organizações. Tendo criado formas autênticas de liberdade nas quais todos podiam expressar livremente os seus pontos de vista, a assembléia estaria plenamente justificada se tivesse decidido banir do seu meio todos os grupos organizados de forma burocrática.
Um dos grandes feitos do Movimento 22 de Março é o fato de que conseguiu integrar-se de tal forma às assembléias revolucionárias que acabou por desaparecer quase totalmente como organização independente, conservando apenas o nome. Nas suas próprias assembléias, os integrantes do 22 de Março baseavam todas as suas decisões no consenso unânime, que permitia a livre expressão de todas as tendências que o movimento abrigava, para testar na prática a sua validade.

Tal tolerância não prejudicou em nada a sua “eficácia”; este movimento anárquico fez mais para catalizar a revolta do que qualquer outro grupo, segundo observações feitas por quase todos os que observaram a sua atuação. O que distingue o Movimento 22 de Março e outros grupos, tais como os anarquistas e os situacionistas, de todos os outros grupos é o fato de que eles não trabalhavam para tomar o poder mas sim para destruí-lo.

A Dialética da Revolução Moderna

Os acontecimento de maio e junho na França revelam de maneira viva e dramática a extraordinária dialética da revolução. A miséria cotidiana de uma sociedade é acentuada pela possibilidade de obtenção da liberdade. E quanto maior for esta possibilidade, mais intolerável se tornará a miséria cotidiana. Por esta razão, o fato de que a sociedade francesa seja hoje mais afluente do que em qualquer outra época de sua história não é muito importante pois afluência, em sua forma burguesa extremamente distorcida, indica simplesmente que já há condições materiais para a liberdade e que as possibilidades técnicas para uma nova vida, mais livre, atingiram a plena maturidade.
E evidente que estas possibilidades vinham rondando já há muito tempo a sociedade francesa, ainda que não fossem percebidas pela maioria das pessoas.

Os gráficos que revelam o crescimento brutal do consumo são um indício da tensão existente entre a realidade medíocre da sociedade francesa e as possibilidades liberadoras de uma revolução, do mesmo modo que uma dieta demasiado farta e uma obesidade excessiva revelam a tensão que existe dentro de um indivíduo. Chega finalmente um momento em que a dieta, por melhor que seja, perde todo o encanto, um momento em que a obesidade social se torna intolerável. Ninguém pode prever o exato momento em que isto acontece. No caso da França, este momento chegou com as barricadas do dia 10 de maio, um dia que sacudiu a consciência de todo o país e fez com que os operários se perguntassem: “Mas afinal, se os estudantes, aqueles ‘filhos da burguesia’, podem fazer isso, por que nós não podemos?”.

A França passava por um processo molecular, completamente invisível mesmo para os revolucionários mais conscientes, um processo que culminou numa ação revolucionária precipitada pelas barricadas. Depois do dia 10 de maio, a tensão entre a mediocridade da vida cotidiana e o potencial de uma sociedade liberada explodiu, provocando a maior greve geral da história.
A extensão da greve demonstra que quase todas as camadas da sociedade francesa estavam profundamente descontentes e que a revolução não era apoiada apenas por uma determinada classe mas por todos aqueles que se sentiam esbulhados, repudiados e logrados no seu direito a uma vida melhor. O impulso revolucionário partiu de uma classe que, mais do que qualquer outra, deveria ter se adaptado à ordem estabelecida — os jovens. Pois eram justamente os jovens que tinham sido alimentados com a papa da “civilização” gaullista, que não tinham sentido na pele o contraste entre as características relativamente atraentes da civilização anterior à guerra e a mediocridade da nova civilização. Mas a papa não funcionou. Sua capacidade para cooptar e atrair é, na verdade, bem menor do que suspeitava a maioria dos críticos da sociedade francesa. A sociedade alimentada com tal papa não teve condições de opor-se ao impulso para a vida que surgiu, especialmente entre os jovens.

Não menos importante, a vida dos jovens na França, tal como ocorrera na América, não tinha sofrido os percalços dos anos de depressão econômica nem da busca de segurança material que moldara a vida dos mais velhos. Os jovens viam a realidade da vida francesa tal como ela era — mesquinha, feia, egoísta, hipócrita e espiritualmente aniquiladora. Este único fato — a revolta dos jovens — é a mais terrível prova da incapacidade do sistema para manter-se em seus próprios termos.

A espantosa decadência interna da sociedade gaullista, uma decadência muito anterior à revolta, assumiu formas que não se ajustam a nenhuma das fórmulas tradicionais de “revolução”, sempre voltadas para os aspectos econômicos da questão. Muita coisa já foi escrita sobre o “consumismo” da sociedade francesa, no sentido de que ele seria uma forma poluidora de mobilização social. O fato de que objetos, mercadorias, estivessem tomando o lugar das lealdades tradicionais, favorecidas pela Igreja, escola, família e pêlos meios de comunicação deveria ser visto como uma prova de que a desintegração social era muito maior do que se sus­peitava. O fato de que a tradicional consciência de classe do operariado estivesse enfraquecendo deveria ser uma prova de que se estavam criando condições propícias para uma grande revolução social e não uma simples revolução entre classes minoritárias. O fato de que os valores lumpen viessem sendo adorados pela juventude francesa na maneira de vestir, na música, na arte e no estilo de vida deveria ser um indício de que, por trás da fachada de protesto político convencional, amadurecia o potencial para a “desordem” e a ação direta.

Por um extraordinário giro de ironia dialética, o processo de “desaburguesamento” acontecia exatamente no momento em que a França tinha atingido níveis nunca antes registrados de afluência material. Fosse qual fosse a popularidade pessoal de De Gaulle, ocorria na França um processo de “desinstitucionalização” precisamente quando o capitalismo estatal parecia mais entrincheirado na estrutura social do que em qualquer outra época recente. A tensão resultante do confronto entre a realidade mesquinha e as possibilidades de libertação aumentava no momento em que a sociedade francesa parecia mais inerte do que em qualquer outro período desde a década de 20. O processo de alienação acontecia no exato instante em que as verdades da sociedade burguesa pareciam mais seguras do que em qualquer outro momento na história da república.

O que importa é que as questões que contribuíam para a ocorrência de inquietações sociais tinham mudado qualitativamente. Os problemas já não estavam ligados à sobrevivência, à penúria e à renúncia, mas à vida, à abundância e ao desejo. Tal como acontecera ao “sonho americano”, o “sonho francês” ruía e se desmistificava. A sociedade burguesa tinha dado tudo o que era capaz de dar nos únicos termos em que poderia “dar” alguma coisa — uma quantidade excessiva de bens materiais de valor discutível, adquiridos graças a um trabalho embotante e sem sentido. Foi a própria experiência e não os “partidos de vanguarda” ou os “programas testados e aprovados” que se transformou no agente mobilizador e na fonte de criatividade da rebelião de maio-junho. E é assim que deveria ser. Não só é natural que uma rebelião aconteça espontaneamente — esta é uma característica comum a todas as grandes revoluções da história — como é também natural que ela se desenvolva espontaneamente.

Isto não significa que os grupos revolucionários devam permanecer silenciosos diante dos acontecimentos. Se tiveram idéias ou sugestões, sua responsabilidade será apresentá-las. Mas utilizar os modelos sociais criados pela revolução com o objetivo de manipular os fatos, agir secretamente pelas costas da revolução, não confiar nela e tentar substituí-la pelo “glorioso partido” é uma irresponsabilidade criminosa e imperdoável. Ou a revolução consegue, eventualmente, absorver todas as organizações políticas ou os organismos políticos se tornam fins em si mesmos — origens inevitáveis da burocracia, da hierarquia e da servidão humana.
Diminuir a espontaneidade de uma revolução, interromper o movimento contínuo entre a mobilização e a emancipação de cada indivíduo isolado, remover os indivíduos do processo para interpor entre eles organizações e instituições políticas emprestadas do passado é o mesmo que corromper os objetivos liberalizantes da revolução. Se a revolução não começa por baixo, se não aumenta a “base” da sociedade até se transformar na própria sociedade, então ela não passa de um mero coup d’état. Se não produz uma sociedade em que cada indivíduo é capaz de controlar a sua própria rotina, em vez da rotina controlar cada indivíduo, então é uma contra-revolução. A liberação social só pode ocorrer quando ocorre simultaneamente uma liberação do indivíduo — se o movimento de “massa” é também um movimento individual que envolve um alto grau de individualização e de auto-conhecimento.

No movimento molecular vindo de baixo, que prepara as condições para que a revolução possa ocorrer; na mobilização de cada indivíduo que coloca a revolução em marcha; na atmosfera de alegria que consolida a revolução — em todas estas etapas sucessivas, há sempre um processo contínuo de individualização, um processo durante o qual o poder se acaba, ocorre a expansão da experiência pessoal e uma liberdade quase esteticamente em harmonia com as possibilidades do nosso tempo. Perceber este processo e articulá-lo, catalizá-lo e determinar as próximas tarefas práticas, manejar com firmeza os movimentos ideológicos que procuram “controlar” o processo revolucionário — estas são, como bem mostraram os acontecimentos na França — as responsabilidades básicas de um revolucionário nos dias de hoje.

(Chile) Propaganda pela solidariedade internacional anti-autoritária com os compas presos na Espanha.

HH

Fonte: ContraInformate

SOLIDARIEDADE REBELDE COM OS ANARQUISTAS PRESOS NA ESPANHA

NENHUMA AGRESSÃO SEM RESPOSTA!!!

Frente à nova operação repressiva que no dia 16 de dezembro deixou uma dezena de espaços anarquistas invadidos pela polícia e 7 companheiros anarquistas prisioneiros no Estado espanhol acusados de terrorismo, nossa resposta não pode ser outra que não a multiforme solidariedade anárquica internacional em ofensiva permanente contra todas as formas do domínio.

Que nossos companheiros sintam o calor da solidariedade e nosso inimigo arda no fogo da luta anti-autoritária pela liberdade.

NEM CULPADOS NEM INOCENTES, SIMPLESMENTE INIMIGOS DO PODER E DE TODA AUTORIDADE!

MÓNICA CABALLERO, FRANCISCO SOLAR, GABRIEL POMBO DA SILVA E TODOS OS COMPANHEIROS PRESOS NA ESPANHA E NO MUNDO, VAMOS PRA RUA!!!!

Sobre o perigo de transformar a anarquia em um conjunto de práticas “alternativas” sem conteúdo de ofensiva ao poder.

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(publicado na revista “Contra toda autoridad”, Chile, Setembro 2014#1)

Fonte: ContraInformate

Sem dúvida um dos grandes perigos que assola a anarquia a todo tempo é a possibilidade de ela se transformar em um conjunto de práticas sem qualquer conteúdo de ofensiva contra o poder.

Esta situação é fomentada, por um lado, pelo mesmo inimigo através de seus valores aglutinantes em torno do domínio democrático, como a “diversidade”, a “tolerância”, o “pluralismo” e também a integração econômica por meio da mercantilização da rebeldia e do consumo “alternativo”.

Por outro lado, existe também toda uma gama de indivíduos e grupos “contestadores” e inclusive alguns “anarquistas” que de modo inconsciente ou deliberadamente se apagam do antagonismo e do conflito permanente para contra o domínio, tanto silenciando a necessidade da destruição e do ataque direto contra a autoridade ou, no pior dos casos, realizando campanhas toscas de limpeza da imagem do anarquismo, apresentando-se a si mesmos como patéticos defensores de uma ideologia alheia à confrontação ao poder.

Para nós, a recuperação de nossa vida é um processo que envolve a construção de nossa autonomia em relação ao modo de vida alienado, submisso e mercantil que oferece a sociedade do capital e da autoridade. Mas não abordamos essa proposta nunca a partir de uma lógica de coexistência pacífica com o poder, mas sim a partir de uma atitude de permanente confronto que também envolve a necessária perspectiva do ataque direto e da destruição do poder como elementos indispensáveis de todo o processo de libertação total.

E precisamente isso, uma proposta de confronto, de guerra e ataque ultrapassa a legalidade, é o que faz que toda prática que visa a “autogerir a vida” transborde qualquer iniciativa específica vivendo-a como parte de uma proposta de ofensiva impossível de ser assimilada pelo poder.

Não existem dúvidas de que a alimentação saudável e livre de exploração animal, as hortas autogeridas, a confecção de nossa própria vestimenta, a medicina natural e a libertação das relações entre indivíduos são práticas válidas na luta sempre e quando lhes resignifique como prática que propagem o antagonismo em relação à ordem social dominante. Também é importante valorar essas práticas em sua própria dimensão, a qual não é precisamente a de ser um ataque direto contra o domínio. Por isso, ao desenvolver boas iniciativas sob uma proposta de confronto anti-autoritário multiforme, estas terminam por ultrapassar as fronteiras de seus próprios limites, se mostrando como um suporte a mais na luta antes que como “a” forma de luta.

Além disso, as ações violentas que não se projetam como parte de uma ofensiva que envolve a recuperação integral da vida possuem também alcances limitados em suas perspectivas.

Tão importante como não hierarquizar os meios utilizados na luta contra o poder, é o fato de valorizar cada ferramenta em seu suporte pontual, visando a ultrapassar a luta na própria prática da permanente insurreição.

É por isso que nossa ofensiva fixa seu olhar em um horizonte que vai além dos meios utilizados, dotando de conteúdo e significado de rebelião a cada uma das práticas que desenvolvemos atrás da eliminação de todo poder e autoridade. Esta guerra contra o poder implica para nós a tensão constante e a autocrítica da qual emana a necessidade de sempre se superar, de nunca se conformar, de ganhar a rua e o terreno da polícia, de atacar a repressão e a ordem social visando permanentemente à destruição de toda forma de poder.

Difundir a anarquia não passa pela redenção dos valores antagônicos à ordem imperante, tampouco passa por fazer das formas de autogestão da vida um conjunto de práticas que evitam o confronto da ordem social. A anarquia não pode ser uma alternativa à cultura do consumo, um conjunto de práticas culturais que coexistem pacificamente com o inimigo.

A anarquia é um contínuo estar em guerra, vai além das práticas específicas arrasando com toda ideologia parcializante ou totalizante (animalismo, feminismo, naturismo, etc).

Quanto de nosso tempo e energia dedicamos a alimentar discursos e práticas carentes de conteúdo de ofensiva? Quanto dedicamos a projetos ou iniciativas destinados a propagar valores, ideias e práticas baseadas no confronto e ataque contra a dominação?

Por isso, companheiros, nem práticas de autonomia sem perspectiva de ataque, nem práticas de ataque sem perspectiva de libertação e autonomia nas relações e na vida como um todo. Porque, como disse um companheiro, a anarquia não é e nem pode ser um remédio ou um analgésico ante os males da sociedade; a anarquia é e deve ser um punhal carregado de veneno contra a ordem social e contra toda autoridade.

12 de dezembro: Trabalhadores, não escravos – Que a Greve Geral seja realmente geral

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Tradução e Fonte: FARJ

Comunicado da Federação dos Comunistas Anarquistas (FdCA), organização anarquista da Itália, sobre a Greve Geral ocorrida dia 12 de dezembro


Comunicado original: http://www.fdca.it/sindacale/2014/12dicembre.htm

12 DE DEZEMBRO: TRABALHADORES, NÃO ESCRAVOS  QUE A GREVE GERAL SEJA REALMENTE GERAL

Depois de 2 meses de greves e manifestações que culminaram com a greve social do 14 de novembro, o ciclo de lutas contra o Jobs Act, lei de estabilidade, destrava-Itália e Boa escola, chegaram a um ponto importante com a greve do 12 de dezembro decretada pela Confederação Geral do Trabalho Italiana (CGIL) com a adesão da União Italiana do Trabalho (UIL). Mesmo levando em conta fatores condizentes como o confronto entre a direção do Partido Democrático e direção da CGIL, da resposta desta última à tentativa de deslegitimação do maior sindicato italiano por parte do governo, esta greve esta para assumir a importância de grandes acontecimentos históricos do proletariado italiano. De fato este é um dos períodos mais difíceis das ultimas décadas para os trabalhadores, aos quais o ataque do capital e do governo na Itália respondem às exigências do grande capital e da oligarquia financeira que detém o comando no mundo inteiro.

O domínio totalitário do mundo financeiro gerou um dos últimos ataques à condição de vida dos trabalhadores e as decisões do Governo Renzi estão aí para demonstrar a total fidelidade aos dogmas do liberalismo mais autoritário. O “Jobs Act” é mais um, e não último, dos ataques que a casta patronal está desencadeando contra os trabalhadores, com o cancelamento de direitos e conquistas em anos de lutas. A necessidade para os patrões de sufocar o trabalho de cada sindicato que não se curve às suas exigências de concorrência capitalista, a chantagem do posto de trabalho num mar de desempregados e de empregados pobres fazem com que se desencadeie em todos os lugares a guerra entre pobres, aquela concorrência entre explorados que é a verdadeira razão do nascimento das formas sindicais.

Por isso hoje a Greve Geral pode ser realmente Geral, que doa a Governo e Patrões, que revele finalmente o próprio objetivo político e cultural. Uma greve que não tenha nada de autorreferencial e que tenha que responder à violência do ataque às condições proletárias com forte hipoteca sobre a possibilidade dos trabalhadores de se organizarem coletivamente no futuro próximo, tem de ser uma greve que reivindique aquele mesmo direito de greve, que em vários lugares tenta-se fazer passar por um privilégio entre os tantos possuídos pelos trabalhadores.

Uma greve que tem de ser uma etapa de uma ação sindical européia, que ultrapasse as contradições itálicas para chegar ao coração do monstro, às políticas econômicas do Banco Central Europeu (BCE) e da oligarquia financeira que continua a nomear governos fiéis em toda Europa.

Uma jornada, aquela do dia 12, que deve encher-se pela oposição social às politicas liberais, às ilusões governistas sustentadas pela mídia sempre disposta à colaboração com a direita politica, sempre dispostos a inventá-la para o prazer de eleitores distraídos.

Para não cair nas alternativas da direita liberal é importante reconquistar as praças e ruas com uma oposição difusa, feita de comportamentos e de escolhas corajosas. Uma greve para ressaltar que a solidariedade de classe é para nós fundamental e que estamos dispostos sempre a reconstruí-la sobre as ruínas do enfrentamento com o capital, reagindo à crescente repressão que atinge os operários como aqueles que lutam pelo direito à moradia, à água, à saúde e à escola pública, os precários como aqueles que lutam contra as grandes obras inúteis e contra os tratados internacionais sobre as mercadorias.

Hoje está em jogo a sobrevivência da defesa coletiva dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e não só, diante de escolhas políticas que tentam nos desarmar para segregar-nos num futuro de escravos, impotentes de reagir à violência das políticas dos patrões. Hoje na praça temos que estar em muitos se queremos mudar a marca de políticas autoritárias de uma Europa que procura seu espaço imperialista através da compressão social.

Nós comunistas-anarquistas e libertários, estaremos com aqueles que combatem este projeto. Se o espaço europeu é o nosso espaço mínimo, que seja território de solidariedade e de justiça social.

ALTERNATIVA LIBERTÁRIA/FdCA

Sem casa não vivemos. Sem viver, como lutamos?

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Por Gilson Moura Henrique Junior

O Estado não massacra apenas com base em policiais armados, escudos transparentes, capacetes e a determinação de manter tudo em seu lugar.

O Estado massacra como coirmão do Capital na retirada da energia cotidiana, na construção do medo, do medo de perder a casa, o respeito, as raízes, o senso, o bom senso, a alegria.

O Estado massacra ao ser cúmplice da mercantilização do morar, ao ser primo-irmão da gentrificação que aluga cavernas insalubres com preço de tendas bordadas a ouro e cobra por elas tudo, abusa de contratos leoninos, esmaga a alma, o viver, o sorriso.

Há quem consiga escapar com a ajuda dos amigos, por algum tempo, e se transferir pra outro canto, sobrevivendo, se movendo, fugindo da sanha feroz de almas que o Estado e o Capital fomentam para além do sentimento comum de seus controladores, mas intervindo até no sonho e na fome de outros massacrados por eles, que naturalizam a lógica de devoramento de homens, mulheres e crianças pela máquina de moer carne das megalópoles urbanas.

Somos todos pisoteados pelo estado e pelo capital, esmagados contra as cercas da cidade, conquistando força na marra, retirando de onde não tem.

Nós ainda temos saída, mas e quem não tem? Quem não tem suporta o peso das botas, do aluguel, do emprego mal pago e muito explorado e reza pra chegar a tempo de se aposentar e trabalhar um pouco menos nos bicos que puder pra complementar renda, rezando pra ainda distribuírem remédios necessários nas unidades de saúde.

E ai não adianta permacultura, falar em bem viver, em veganismo, em soluções mágicas de fuga da realidade esmagadoras de um capital estado onipresente que não poupa nada e não abre espaço pra quem é escravo dele não por ser fraco, mas por não ter nascido alimentado com Purê de Batata Inglesa e Pêra doce a ponto de poder sair levemente de onde dói mais o esmagamento pra um lugar onde o pisar seja mais ameno.

É mole chamar o fudido de “escravo” enquanto ele resiste com uma força inaudita a pressões que cada um dos rebeldezinhos de internet choraria se sentisse meio por cento na pele.

Pra derrubar o estado é preciso ir além da crítica ao voto, é preciso dar suporte para a destruição da relação de esmagamento de famílias sob as botas da precificação do direito de morar.

Sem casa não vivemos. Sem viver, como lutamos?