Je suis Nigéria

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“Eu também não sou Charlie, apesar de ser contra o atentado e qualquer ação terrorista de qualquer ideologia. Na mesma semana do ocorrido na França, que acompanhei pela tv e internet, umas 2000 pessoas foram mortas pelo BOKO HARAM sem nenhum motivo, sem fazerem piadas ou provocações à religião dos terroristas. Temos aqui uma arte no anexo, JPG, Je suis Nigéria, para ver se os jornais dão um pouco de atenção a essa barbaridade no país africano. É uma arte anónima.”J. N. (por email) para o Portal Anarquista, ex-Colectivo Libertário de Évora. Link na imagem.

Nigéria: Massacre no início do ano é possivelmente o mais mortal da história do Boko Haram

Postado em Consciência.net, p 9 de janeiro de 2015.

“Um massacre de proporções inimagináveis acaba de ocorrer no nordeste da Nigéria. Segundo as primeiras informações das agências de notícias, relatos de moradores que conseguiram escapar do massacre a 16 povoados ocorridos desde 3 de janeiro dão conta de que “há corpos demais para poder contar o número de mortos”.

De autoria dos extremistas do Boko Haram, a Anistia Internacional afirmou que os ataques, realizados principalmente em Baga (estado de Borno) e cidades vizinhas, podem ter sido os “mais mortais do Boko Haram em um catálogo de ataques cada vez mais hediondos realizadas pelo grupo”.

Os primeiros relatos apontam que a cidade foi em grande parte arrasada, com até dois mil civis mortos. “Isto marcaria, se confirmado, uma escalada preocupante e sangrenta de ataque contínuo da Boko Haram contra a população civil”, disse Daniel Eyre, pesquisador nigeriano da Anistia Internacional.

“No momento, estamos trabalhando para descobrir mais detalhes sobre o que aconteceu durante o ataque a Baga e à área próxima. Este ataque reitera a necessidade urgente de o Boko Haram parar a matança sem sentido dos civis, bem como a necessidade de o governo nigeriano tomar medidas para proteger a população que vive em constante medo de ataques deste tipo”, disse Eyre.

Desde 2009, o Boko Haram tem alvejado deliberadamente civis através de invasões e ataques a bomba, com o problema aumentando ao longo dos anos tanto em termos de frequência quanto gravidade.

Um dos principais ataques do grupo, que diz agir em nome do alcorão, aconteceu no dia 15 de abril de 2014 em Chibok, no mesmo estado de Borno, onde a população foi morta ou fugiu e mais de 200 estudantes entre 7 e 15 anos foram capturadas e levadas pela milícia.”

Equipes de resgate e moradores se reúnem no local de duas explosões em um mercado na cidade central de Jos, capital do estado de Plateau, em maio de 2014. Foto: AFP/Getty Images

Equipes de resgate e moradores se reúnem no local de duas explosões em um mercado na cidade central de Jos, capital do estado de Plateau, em maio de 2014. Foto: AFP/Getty Images

 

 

 

Belas palavras escritas há alguns meses por algumas das anarquistas sequestradas pela Operação Pandora

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Fonte: Contrainformate

Solidaridade e luta

Para quem luta, a solidariedade não é um conceito vazio e distante de nossa capacidade ofensiva e dos conflitos desenvolvidos na própria luta.

Para quem luta, a solidariedade não é um “assunto” que emerge unicamente em “momentos” repressivos concretos, porque a repressão não é um “momento” senão parte inevitável e permanente dos mecanismos do Estado contra quem se rebela.

Para quem luta, a solidariedade entre quem se levanta contra a miséria diária é uma constante que permite criar a manter laços combativos que rompam o cerco do chicoteamento, do isolamento, da prisão e/ou imobilismo.

Para quem luta, a solidariedade transcende fronteiras impostas tentando transcendê-las e destruí-las através da agitação e da ação.

Para quem luta, o sentido da solidariedade busca esgotar a solidão do confinamento, livrar uma batalha contra o esquecimento de nossxs companheirxs sequestradxs pelos Estados, evidenciar a lógica do domínio que busca condená-lxs ao abandono.

Para quem luta, a solidariedade busca se traduzir em verdadeira intenção que gera gestos de rebeldia que desatem axs nossxs.

Para quem luta, nemhum deve se ver só, seja na prisão ou no cárcere a seu aberto na qual vivemos.

Para quem luta, tudo está para ser decidido, tudo está para ser feito.

Tenhamos a iniciativa.

Por todxs xs companheirxs que com garra continuam apostando na ruptura de todas as correntes.

A continuidade da luta se dá por cada um, se dá por todxs, até que não reste nenhum muro em pé.

VIVA A ANARQUIA

Para escrever axs companheirxs:

Beatriz Isabel Velazquez Davila Lisa Sandra Dorfer P. Madrid VII – Estremera Ctra. M-241 km 5,7 28595 Estremera

Madrid España

Alba Gracia Martínez Noemí Cuadrado Carvajal Anna Hernandez del Blanco P. Madrid V – Soto del Real Carretera M-609, Km 3,5 28791 Soto del Real Madrid España

Enrique Balaguer Pérez P. Madrid VI – Aranjuez Ctra. Nacional 400, Km. 28 28300 Aranjuez Madrid España

David Juan Fernández P. Madrid III – Valdemoro Ctra. Pinto-San Martín de la Vega, km. 4,5 28340 Valdemoro Madrid España

Mónica Andrea Caballero Sepúlveda Ávila-Prisión Provincial Ctra. de Vicolozano s/n Apdo. 206 05194 Brieva (Ávila) España

Francisco Javier Solar Domínguez C.P. de Villabona Finca Tabladiello 33480 Villabona-Llanera (Asturias) España

(Chile) Propaganda pela solidariedade internacional anti-autoritária com os compas presos na Espanha.

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Fonte: ContraInformate

SOLIDARIEDADE REBELDE COM OS ANARQUISTAS PRESOS NA ESPANHA

NENHUMA AGRESSÃO SEM RESPOSTA!!!

Frente à nova operação repressiva que no dia 16 de dezembro deixou uma dezena de espaços anarquistas invadidos pela polícia e 7 companheiros anarquistas prisioneiros no Estado espanhol acusados de terrorismo, nossa resposta não pode ser outra que não a multiforme solidariedade anárquica internacional em ofensiva permanente contra todas as formas do domínio.

Que nossos companheiros sintam o calor da solidariedade e nosso inimigo arda no fogo da luta anti-autoritária pela liberdade.

NEM CULPADOS NEM INOCENTES, SIMPLESMENTE INIMIGOS DO PODER E DE TODA AUTORIDADE!

MÓNICA CABALLERO, FRANCISCO SOLAR, GABRIEL POMBO DA SILVA E TODOS OS COMPANHEIROS PRESOS NA ESPANHA E NO MUNDO, VAMOS PRA RUA!!!!

Sobre o perigo de transformar a anarquia em um conjunto de práticas “alternativas” sem conteúdo de ofensiva ao poder.

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(publicado na revista “Contra toda autoridad”, Chile, Setembro 2014#1)

Fonte: ContraInformate

Sem dúvida um dos grandes perigos que assola a anarquia a todo tempo é a possibilidade de ela se transformar em um conjunto de práticas sem qualquer conteúdo de ofensiva contra o poder.

Esta situação é fomentada, por um lado, pelo mesmo inimigo através de seus valores aglutinantes em torno do domínio democrático, como a “diversidade”, a “tolerância”, o “pluralismo” e também a integração econômica por meio da mercantilização da rebeldia e do consumo “alternativo”.

Por outro lado, existe também toda uma gama de indivíduos e grupos “contestadores” e inclusive alguns “anarquistas” que de modo inconsciente ou deliberadamente se apagam do antagonismo e do conflito permanente para contra o domínio, tanto silenciando a necessidade da destruição e do ataque direto contra a autoridade ou, no pior dos casos, realizando campanhas toscas de limpeza da imagem do anarquismo, apresentando-se a si mesmos como patéticos defensores de uma ideologia alheia à confrontação ao poder.

Para nós, a recuperação de nossa vida é um processo que envolve a construção de nossa autonomia em relação ao modo de vida alienado, submisso e mercantil que oferece a sociedade do capital e da autoridade. Mas não abordamos essa proposta nunca a partir de uma lógica de coexistência pacífica com o poder, mas sim a partir de uma atitude de permanente confronto que também envolve a necessária perspectiva do ataque direto e da destruição do poder como elementos indispensáveis de todo o processo de libertação total.

E precisamente isso, uma proposta de confronto, de guerra e ataque ultrapassa a legalidade, é o que faz que toda prática que visa a “autogerir a vida” transborde qualquer iniciativa específica vivendo-a como parte de uma proposta de ofensiva impossível de ser assimilada pelo poder.

Não existem dúvidas de que a alimentação saudável e livre de exploração animal, as hortas autogeridas, a confecção de nossa própria vestimenta, a medicina natural e a libertação das relações entre indivíduos são práticas válidas na luta sempre e quando lhes resignifique como prática que propagem o antagonismo em relação à ordem social dominante. Também é importante valorar essas práticas em sua própria dimensão, a qual não é precisamente a de ser um ataque direto contra o domínio. Por isso, ao desenvolver boas iniciativas sob uma proposta de confronto anti-autoritário multiforme, estas terminam por ultrapassar as fronteiras de seus próprios limites, se mostrando como um suporte a mais na luta antes que como “a” forma de luta.

Além disso, as ações violentas que não se projetam como parte de uma ofensiva que envolve a recuperação integral da vida possuem também alcances limitados em suas perspectivas.

Tão importante como não hierarquizar os meios utilizados na luta contra o poder, é o fato de valorizar cada ferramenta em seu suporte pontual, visando a ultrapassar a luta na própria prática da permanente insurreição.

É por isso que nossa ofensiva fixa seu olhar em um horizonte que vai além dos meios utilizados, dotando de conteúdo e significado de rebelião a cada uma das práticas que desenvolvemos atrás da eliminação de todo poder e autoridade. Esta guerra contra o poder implica para nós a tensão constante e a autocrítica da qual emana a necessidade de sempre se superar, de nunca se conformar, de ganhar a rua e o terreno da polícia, de atacar a repressão e a ordem social visando permanentemente à destruição de toda forma de poder.

Difundir a anarquia não passa pela redenção dos valores antagônicos à ordem imperante, tampouco passa por fazer das formas de autogestão da vida um conjunto de práticas que evitam o confronto da ordem social. A anarquia não pode ser uma alternativa à cultura do consumo, um conjunto de práticas culturais que coexistem pacificamente com o inimigo.

A anarquia é um contínuo estar em guerra, vai além das práticas específicas arrasando com toda ideologia parcializante ou totalizante (animalismo, feminismo, naturismo, etc).

Quanto de nosso tempo e energia dedicamos a alimentar discursos e práticas carentes de conteúdo de ofensiva? Quanto dedicamos a projetos ou iniciativas destinados a propagar valores, ideias e práticas baseadas no confronto e ataque contra a dominação?

Por isso, companheiros, nem práticas de autonomia sem perspectiva de ataque, nem práticas de ataque sem perspectiva de libertação e autonomia nas relações e na vida como um todo. Porque, como disse um companheiro, a anarquia não é e nem pode ser um remédio ou um analgésico ante os males da sociedade; a anarquia é e deve ser um punhal carregado de veneno contra a ordem social e contra toda autoridade.

12 de dezembro: Trabalhadores, não escravos – Que a Greve Geral seja realmente geral

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Tradução e Fonte: FARJ

Comunicado da Federação dos Comunistas Anarquistas (FdCA), organização anarquista da Itália, sobre a Greve Geral ocorrida dia 12 de dezembro


Comunicado original: http://www.fdca.it/sindacale/2014/12dicembre.htm

12 DE DEZEMBRO: TRABALHADORES, NÃO ESCRAVOS  QUE A GREVE GERAL SEJA REALMENTE GERAL

Depois de 2 meses de greves e manifestações que culminaram com a greve social do 14 de novembro, o ciclo de lutas contra o Jobs Act, lei de estabilidade, destrava-Itália e Boa escola, chegaram a um ponto importante com a greve do 12 de dezembro decretada pela Confederação Geral do Trabalho Italiana (CGIL) com a adesão da União Italiana do Trabalho (UIL). Mesmo levando em conta fatores condizentes como o confronto entre a direção do Partido Democrático e direção da CGIL, da resposta desta última à tentativa de deslegitimação do maior sindicato italiano por parte do governo, esta greve esta para assumir a importância de grandes acontecimentos históricos do proletariado italiano. De fato este é um dos períodos mais difíceis das ultimas décadas para os trabalhadores, aos quais o ataque do capital e do governo na Itália respondem às exigências do grande capital e da oligarquia financeira que detém o comando no mundo inteiro.

O domínio totalitário do mundo financeiro gerou um dos últimos ataques à condição de vida dos trabalhadores e as decisões do Governo Renzi estão aí para demonstrar a total fidelidade aos dogmas do liberalismo mais autoritário. O “Jobs Act” é mais um, e não último, dos ataques que a casta patronal está desencadeando contra os trabalhadores, com o cancelamento de direitos e conquistas em anos de lutas. A necessidade para os patrões de sufocar o trabalho de cada sindicato que não se curve às suas exigências de concorrência capitalista, a chantagem do posto de trabalho num mar de desempregados e de empregados pobres fazem com que se desencadeie em todos os lugares a guerra entre pobres, aquela concorrência entre explorados que é a verdadeira razão do nascimento das formas sindicais.

Por isso hoje a Greve Geral pode ser realmente Geral, que doa a Governo e Patrões, que revele finalmente o próprio objetivo político e cultural. Uma greve que não tenha nada de autorreferencial e que tenha que responder à violência do ataque às condições proletárias com forte hipoteca sobre a possibilidade dos trabalhadores de se organizarem coletivamente no futuro próximo, tem de ser uma greve que reivindique aquele mesmo direito de greve, que em vários lugares tenta-se fazer passar por um privilégio entre os tantos possuídos pelos trabalhadores.

Uma greve que tem de ser uma etapa de uma ação sindical européia, que ultrapasse as contradições itálicas para chegar ao coração do monstro, às políticas econômicas do Banco Central Europeu (BCE) e da oligarquia financeira que continua a nomear governos fiéis em toda Europa.

Uma jornada, aquela do dia 12, que deve encher-se pela oposição social às politicas liberais, às ilusões governistas sustentadas pela mídia sempre disposta à colaboração com a direita politica, sempre dispostos a inventá-la para o prazer de eleitores distraídos.

Para não cair nas alternativas da direita liberal é importante reconquistar as praças e ruas com uma oposição difusa, feita de comportamentos e de escolhas corajosas. Uma greve para ressaltar que a solidariedade de classe é para nós fundamental e que estamos dispostos sempre a reconstruí-la sobre as ruínas do enfrentamento com o capital, reagindo à crescente repressão que atinge os operários como aqueles que lutam pelo direito à moradia, à água, à saúde e à escola pública, os precários como aqueles que lutam contra as grandes obras inúteis e contra os tratados internacionais sobre as mercadorias.

Hoje está em jogo a sobrevivência da defesa coletiva dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e não só, diante de escolhas políticas que tentam nos desarmar para segregar-nos num futuro de escravos, impotentes de reagir à violência das políticas dos patrões. Hoje na praça temos que estar em muitos se queremos mudar a marca de políticas autoritárias de uma Europa que procura seu espaço imperialista através da compressão social.

Nós comunistas-anarquistas e libertários, estaremos com aqueles que combatem este projeto. Se o espaço europeu é o nosso espaço mínimo, que seja território de solidariedade e de justiça social.

ALTERNATIVA LIBERTÁRIA/FdCA

Sem casa não vivemos. Sem viver, como lutamos?

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Por Gilson Moura Henrique Junior

O Estado não massacra apenas com base em policiais armados, escudos transparentes, capacetes e a determinação de manter tudo em seu lugar.

O Estado massacra como coirmão do Capital na retirada da energia cotidiana, na construção do medo, do medo de perder a casa, o respeito, as raízes, o senso, o bom senso, a alegria.

O Estado massacra ao ser cúmplice da mercantilização do morar, ao ser primo-irmão da gentrificação que aluga cavernas insalubres com preço de tendas bordadas a ouro e cobra por elas tudo, abusa de contratos leoninos, esmaga a alma, o viver, o sorriso.

Há quem consiga escapar com a ajuda dos amigos, por algum tempo, e se transferir pra outro canto, sobrevivendo, se movendo, fugindo da sanha feroz de almas que o Estado e o Capital fomentam para além do sentimento comum de seus controladores, mas intervindo até no sonho e na fome de outros massacrados por eles, que naturalizam a lógica de devoramento de homens, mulheres e crianças pela máquina de moer carne das megalópoles urbanas.

Somos todos pisoteados pelo estado e pelo capital, esmagados contra as cercas da cidade, conquistando força na marra, retirando de onde não tem.

Nós ainda temos saída, mas e quem não tem? Quem não tem suporta o peso das botas, do aluguel, do emprego mal pago e muito explorado e reza pra chegar a tempo de se aposentar e trabalhar um pouco menos nos bicos que puder pra complementar renda, rezando pra ainda distribuírem remédios necessários nas unidades de saúde.

E ai não adianta permacultura, falar em bem viver, em veganismo, em soluções mágicas de fuga da realidade esmagadoras de um capital estado onipresente que não poupa nada e não abre espaço pra quem é escravo dele não por ser fraco, mas por não ter nascido alimentado com Purê de Batata Inglesa e Pêra doce a ponto de poder sair levemente de onde dói mais o esmagamento pra um lugar onde o pisar seja mais ameno.

É mole chamar o fudido de “escravo” enquanto ele resiste com uma força inaudita a pressões que cada um dos rebeldezinhos de internet choraria se sentisse meio por cento na pele.

Pra derrubar o estado é preciso ir além da crítica ao voto, é preciso dar suporte para a destruição da relação de esmagamento de famílias sob as botas da precificação do direito de morar.

Sem casa não vivemos. Sem viver, como lutamos?

APELO URGENTE DO GOVERNO DO CANTÃO DE KOBANÊ

Situação atual de Kobane

Situação atual de Kobane

Fonte: http://kurdishquestion.com/kurdistan/west-kurdistan/urgent-appeal-from-kobane-canton-government.html
Tradução livre de Maria Joseane Rosa e revisão de Talita Rauber.

Apelo do governo do cantão de Kobane às Nações Unidas e à comunidade internacional

Os ataques do Estado Islâmico em Kobane, cidade curda no norte da Síria, estão em andamento desde 15 de setembro de 2014. Como resultado da guerra, muitas partes da cidade e dos vilarejos ao redor têm sido destruídas e devastadas. A emergência humanitária é agravada devido ao embargo, de fato existente. Uma vez que todas as rotas para Kobane foram bloqueadas, não é possível que os suprimentos humanitários alcancem a cidade. Devido à difícil situação dos refugiados de Kobane, localizados na Turquia, mais e mais pessoas estão retornando para lá. A municipalidade de Kobane é mantida por voluntários.

O maior problema é a falta de água potável. Após o início da revolta popular na Síria, a linha de abastecimento de água para Kobane, que está sendo controlada centralmente pelo estado, tem sido descontinuada. A própria população de Kobane construiu uma linha de água alternativa para lá. Porém, como resultado dos ataques realizados pela milícia terrorista chamada de Estado Islâmico, esta linha de abastecimento de água autoconstruída também foi destruída. Atualmente, as pessoas de Kobane obtêm a sua água dos poucos poços existentes.

No entanto, essa água não se trata de água potável. Por isso, é utilizada apenas para questões de higiene e limpeza. A água potável está disponível apenas em garrafas PET fechadas. Porém, os estoques estão baixos e não será suficiente por muito mais tempo. Da mesma forma, há ausência de alimentos, especialmente de trigo e farinha, com os quais pelo menos as necessidades básicas de subsistência puderam ser cumpridas. O local de produção do pão, que era organizado pela administração da cidade, caiu sob o controle do EI com todo o seu estoque de farinha.

Outro problema é a fonte de energia. Pelo fato de que elas também são direcionadas pelo governo central, tem ocorrido um corte de energia desde 2 anos atrás. Por isso, aque os ataques do Estado Islâmico começassem, a população providenciava eletricidade via geradores. Porém, o EI atacou e destruiu o depósito de combustível para os geradores. A insuficiência de combustível não só causa problema para gerar energia, como também constitui um grave problema para a temporada de inverno que se aproxima, já que o combustível também é utilizado para os aquecedores a óleo. Além disso, há falta de roupas de inverno, especialmente casacos e sapatos. Quando as pessoas fugiram de seus vilarejos, eles tiveram que deixar todos os seus pertences para trás.

Além disso, a assistência médica revela-se um sério problema. Os três hospitais existentes foram todos destruídos. Atualmente, uma casa abandonada funciona como local temporário à assistência aos pacientes e é gerido por apenas um médico voluntário. No entanto, devido à falta de medicamento, não é possível tratar muitas doenças. Embora alguns equipamentos médicos estejam disponíveis, estes não podem ser utilizados em operações importantes, visto que a fonte de energia, a qual é necessária a estes dispositivos, seja inexistente. Como resultado dos desumanos ataques da milícia terrorista, não apenas muitas pessoas foram feridas, como muitos ainda continuam sendo alvos de violência, além de que os cadáveres em decomposição e os bombardeios facilitam o alto risco de epidemias. Por causa dos constantes ataques do EI em curso, e da falta de material técnico, não é possível remover os cadáveres.

Estimamos que o povo de Kobane só pode sobreviver por mais um outro mês* com o estoque existente de alimentos, água e óleo para aquecimento. Entretanto, o fluxo de pessoas que regressam da Turquia para Kobane torna difícil dar um prognóstico detalhado. Ainda, acima de tudo, o abastecimento de água potável representa um enorme problema.

Portanto, nosso objetivo é atrair o público e a comunidade internacional com esta carta.

Exigimos:

A criação de um corredor para a ajuda humanitária sob o controle da ONU.

Delegação internacional de especialistas para analisar a situação em Kobane.

Garantir água potável e fornecimento de alimentos.

O envio de equipes internacionais de médicos para atendimento.

Equipamento técnico para a reconstrução da cidade.

*Nota de revisãono texto original encontra-se a palavra “moth”(mariposa), a qual acreditamos ter sido digitada errado, devido à falta de sentido. Portanto, pelo contexto, acreditamos que a palavra correta seja “month”(mês).

Quando o estandarte do sanatório geral vai passar?

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Por Gilson Moura Henrique Junior

A construção de um novo mundo é top 10 dos discursos de toda a esquerda e pós-esquerda (como alguns anarquistas se reivindicam). A questão é que o processo de transformação do mundo exige mais que discurso, exige postura, práxis, ação cotidiana.

Discursos radicais ou aparentemente radicais lançam perdigotos cotidianos nos rostos de interlocutores, disputando quem tem a maior quantidade de leitura possível pra bancar o argumento de autoridade mais poderoso sobre o outro. Enquanto isso o planeta, as mulheres, as pessoas trans, os negros, os índios, estes comem o pão que o diabo cuspiu depois de amassar, alienados que são dos sonhos de consumo revolucionários.

Neste processo lemos, vemos, ouvimos que o meio ambiente não faz parte da luta de classes, que os índios que se proletarizem para serem atores visíveis no processo revolucionário digno de nota pros meninos levados do processo revolucionário da emancipação do proletariado, que as mulheres precisam dosar sua independência para que não retirem dos homens o protagonismo produzido por Deus e bonito por natureza sobre todas as lutas.

Tudo isso porque a revolução é aguardada como um grande evento escatológico, um carnaval fora de época, e a população reagirá a ela, como quem e pega de surpresa por um processo onde é alheia, que só observa, ela, como muares absortos em um cotidiano que não pertence a nós, revolucionários iluminados.

Tá tudo muito bom e tudo muito bem, mas o que isso diz sobre os processos de transformação necessários para a emancipação da vida na terra e mesmo sua manutenção? Diz e grita eloquentemente que estamos fodidos.

Estamos fodidos porque os lutadores buscam revolucionar um mundo do qual evitam participar, dialogar, discutir e enfrentar. Preferem criar condições objetivas para que a população desperte, como que movida pela palavra mágica da ideologia de plantão e não pelo trabalho de base de convencimento cotidiano sobre a necessária libertação de todos nós.

“Revolucionários” que não se revolucionam, é isso o que a maior parte da esquerda é.

Sabe por que criam uma revolução como evento e esperam e duvidam como a população reagirá a ela? Por que querem ser reis de uma revolução sobre um povo imbecil que nada sabe. Nós, os intelectuais iluministas do milênio fodão é que sabemos tudo. Nós despertamos para “A Verdade” e vemos o futuro com clareza, coisa que o reles populacho jamais verá. E como o povo é burro e jamais verá, só a revolução caindo na cabeça deles é que perceberão o futuro, a verdade, a vida.

Sabe por que se índios não se proletarizarem e negros e mulheres não souberem seus lugares a revolução não virá? Sabe por que eles “dividem a luta”? Porque o sacrossanto saco escrotal da ideologia quer revolucionar até a página dois, porque revolução, no sentido crasso da palavra que mesmo sendo iluministas nem todos conhecem, é mudança demais.

Como um índio em sua silvícola sacação das paradas sabe mais que eu, sacrossanto moleque que leu meia página de um fragmento de texto de Lênin ou Bakunin enquanto tomava meu Toddynho? Jamé. Eu sei de tudo, eu que milito no sindicato pagando de über operário qualificado que li tudo e sei citar versículo a versículo de Malatesta, sei de tudo e mais um pouco, mesmo que ache a luta ambiental secundária porque meio ambiente é árvore e bicho, e a tal crise hídrica é invenção da burguesia.

Enquanto isso marxistas e anarquistas de galinheiro esperam a revolução chegar, e enquanto eles esperam o capital avança sobre corpos, mentes, peles, pretas, amarelas, brancas e vermelhas, a crise climática, ecológica, hídrica, etc, ataca de frente a população mundial, extingue a população animal e vegetal e aponta pro cadafalso do fim da existência de vida como a conhecemos na face da Terra.

Mas tá tudo bem, a revolução como evento escatológico e teleológico virá, impávida que nem Muhamad Ali! Vira que eles viram!

Enquanto isso tentar discutir com seriedade e sem uma tipo de concurso de tamanho peniano teórico sobre como mudar o quadro ecológico, político, étnico, de gênero e transgênero, de respeito à orientações sexuais e de processo civilizatório, se transforma num trabalho extremamente árduo, e um trabalho onde a quantidade de inimigos de classe vive também na aldeia gaulesa que se busca independente e que quer superar o império romano.

Enquanto se espera que o estandarte do sanatório geral passe, se discute muito, se tergiversa muito, mas se faz pouco pra construir um processo revolucionário ecológico, feminista, trans feminista, antirracista e classista, palavra essa que deveria conter tudo o anteriormente citado sem precisar de legenda.

A questão é que a revolução pode não vir.

Odeio dar más notícias, mas a crise ecológica não só já veio como aponta um limite pra ficarmos esquecendo todas as derrubadas de hierarquia necessárias para que a revolução ocorra. É um limite de tempo e um limite de tempo que não nos dá muito mais que setenta anos pra que a vida na terra não seja muito diferente da da lagosta prestes a ser comida.

A crise ecológica é parte da luta de classes, quem não vê, não vê por que não quer. A questão racial, de gênero, transgênero, de respeito e relação com outras culturas, também. Quem não vê, não vê porque não quer, e é parte do problema e não da solução.

Quando o estandarte do sanatório geral vai passar? Está passando, e somos nós.

O que é Fascismo, o que come, onde mora?

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Por Gilson Moura Henrique Junior

Segundo a Wikipédia:

Fascismo é uma forma de radicalismo político autoritário nacionalista que ganhou destaque no início do século XX na Europa. Os fascistas procuravam unificar sua nação através de um Estado totalitário que promove a vigilância, um estado forte, a mobilização em massa da comunidade nacional, confiando em um partido de vanguarda para iniciar uma revolução e organizar a nação em princípios fascistas. Hostil à democracia liberal, ao socialismo e ao comunismo, apesar de semelhanças com os últimos dois. Os movimentos fascistas compartilham certas características comuns, incluindo a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase em ultranacionalismo, etnocentrismo e militarismo. O fascismo vê a violência política, a guerra, e o imperialismo como meios para alcançar o rejuvenescimento nacional e afirma que as nações e raças consideradas superiores devem obter espaço deslocando ou eliminando aquelas consideradas fracas ou inferiores, como no caso da prática fascista modelada pelo nazismo”.

Ou seja, fascismo é um processo de radicalização da centralização do estado, é uma ampliação aguda do estado central e das identidades em um determinado estado-nação, ideologização das diferenças étnicas, ampliação ao máximo de um governo autoritário, a ponto de alguns autores incluírem-no sob a categoria de totalitarismo, profundo anticomunismo e extrema violência contra opositores. Acrescente a isso uma percepção orgânica da sociedade em simbiose com o estado, ou seja, estado e sociedade tornam-se um mesmo organismo vivo, cuja concepção de condição saudável é o tratamento da dissidência e de elementos dissonantes do ideal de pureza social como infecção, ou seja, passíveis de serem eliminados, “curados” ou “reeducados”, o que volta e meia são sinônimos na prática.

Por que discutir e definir o que é fascismo?

Porque o uso comum do termo mistura na qualificação de fascista todo tipo de elementos, dos mais autoritários aos menos confundindo ao fim e ao cabo a categorização chamando do PSTU ao Bolsonaro de fascistas, o que leva a uma confusão dos diabos pra terminologia e no fim, para a própria luta antifascista.

Se tudo é fascismo, nada é.

Da mesma forma misturar Stalinismo e comunismo com nazismo e fascismo é uma bela e estúpida desconstrução da nomenclatura em nome da generalização vulgar. Pode funcionar como ofensa, mas funciona melhor como desserviço.

As definições não precisam ser exatas neste caso por uma questão de apego à terminologia, mas por uma questão de gravidade do combate ao inimigo. Ao definirmos todos como fascistas esvaziamos o peso histórico e político do real fascismo.

Há uma diferença concreta entre o militonto idiota que segue lobão pedindo impeachment de Dilma e do militante do PSTU que age com autoritarismo silenciando a dissidência pro militante nazifascista que agride negros, gays e tudo o que ele considera inferior.

Há tanta diferença quanto entre o Alckmin mandando a PM bater e o que faria Bolsonaro, um fascista concreto, se comandasse a polícia. Se Alckmin é daninho e muito autoritário, o que Bolsonaro representa em comparação com o autoritário Alckmin precisa de multiplicação por mil pra ser compreendido. Se Cabral, Alckmin, Dilma e Aécio são autoritários, como via de regra todo estado é e todo governador ou presidente são, o fascismo é isso multiplicado por cem mil.

Imagine um quadro horroroso de morte de indígenas, negros, gays, mulheres, dissidentes? Tipo, sei lá, a ditadura militar Brasileira ou Pinochet? Imaginou? Pois é Mussolini e Hitler foram piores.

O que prega o fascismo é pior do que prega o pior de nossos exemplos autoritários à mão. E o fascismo usa essa confusão pra se imiscuir entre a direita mais moderada, dita democrática, e forçar seu crescimento pela banalização.

O fascismo usa a banalização do termo “fascista” pra transformar todos em idênticos a ele, e se todos são fascistas, ninguém é.

Claro que na sanha, no sangue, chamar o PM calhorda de fascista é do jogo, mas não é bom usar em divergências políticas com elementos de fora do campo fascista e até de fora do campo da direita clássica.

A não ser que ditador tenha virado elogio, transformar ditadura em fascismo esvazia o peso histórico do fascismo.